Quaresma: tempo de semear a paz!

Neste tempo quaresmal, somos convocados e convocadas a reviver “o tempo de conversão e o dia da salvação”, como nos diz o canto de oferendas para o tempo da Quaresma. De acordo com a Introdução do Ofício Divino das Comunidades (p. 526), trata-se de um tempo favorável para a oração e conversão, cheio de simbolismos, a começar pelo 40. Este número recorda os 40 anos do Povo de Deus no deserto rumo à terra prometida; os 40 dias de jejum de Moisés no Monte Sinai (Ex 24, 12-18. 34); os 40 dias de Elias a caminho do Monte Horeb (1Rs 19, 8) e os 40 dias e 40 noites de jejum que Jesus passou no deserto, preparando-se para o seu ministério (Mt 4, 1-2).

As narrativas bíblicas falam de todos estes acontecimentos relevantes na história do povo de Deus. Como parte deste povo escolhido pelo próprio Deus, podemos dizer que hoje, também somos partícipes do Memorial Pascal de Jesus Cristo e convidados(as) a continuar  as dimensões da quaresma: oração, jejum e caridade (Mt 6, 1-6. 16-18).

De maneira muito própria, no Tempo Quaresmal, a Igreja do Brasil realiza este grande retiro à luz da Campanha da Fraternidade. Neste ano de 2022, a Campanha reflete o tema: Fraternidade e Educação. A Igreja no Brasil, através da Campanha da Fraternidade, quer oferecer às comunidades, uma maneira singular de fazer aquilo que a Sacrosanctum Concilium (n. 109) salienta para a vivência da liturgia. “Na Liturgia quanto na catequese litúrgica […] os fiéis são convidados a ouvirem com mais frequência a palavra de Deus e entregarem-se à oração, e os dispõe à celebração do mistério pascal”. Desta forma, todas as comunidades, Igrejas locais e movimentos, refletem a mesma temática durante estes 40 dias.

Além do tema proposto pela CF este ano, outro tema que nunca “sai de moda” é o tema da paz. Mas como promover a paz nos dias atuais, em meio a um cenário pandêmico e incerto, diante da guerra na Ucrânia, o alto índice de assassinatos no Brasil, tragédias, fake News, fome, desemprego, etc ? Como ser instrumento de Paz em meio a tanto conflito? A quaresma é um tempo propício para esta e outras reflexões.

Frente à realidade histórica que o mundo vive, o Santo Padre pede a cada um de nós, católicos e não católicos, um momento de reflexão. É hora de parar, refletir e rezar. Se uma das dimensões da quaresma é a oração, porque não enfatizarmos o tema da paz em nossas orações pessoais e comunitárias? As comunidades franciscanas nasceram rezando e cantando a oração atribuída a São Francisco de Assis, onde cada pessoa pede para ser instrumento de paz nas mãos de Deus. Que tal cantarmos e rezarmos mais esta oração em nosso dia a dia? E que tal ultrapassarmos as barreiras do comodismo e nos esforçarmos cada vez mais para construirmos juntos um mundo de paz?

Esta oração aponta os caminhos que devemos trilhar:

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz

Onde houver ódio, que eu leve o amor / 

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão

Onde houver discórdia, que eu leve união

Onde houver dúvida, que eu leve a fé […], 

Que eu procure mais consolar que ser consolado 

Compreender que ser compreendido, 

Amar que ser amado… […]

Essas palavras são fortes e trazem consigo os pedidos que devemos fazer a Deus de forma perene, pois juntamente com as nossas atitudes que é que poderemos transformar o mundo. Esta oração traz em si as metas espirituais neste Tempo da Quaresma. Que além de rezar e cantar pela paz, sejamos promotores(as) dela!

 

Janderson Mendes Monteiro

Comunidade Divino Espírito Santo, Paróquia Cristo Libertador (Santarém – PA)

Referências

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a liturgia.

Instrução Geral sobre o Missal Romano. 3. ed. In: ALDAZÁBAL, José. Instrução Geral sobre o Missal Romano; texto e comentários. São Paulo: Paulinas, 2007. 

MELO et al, Agostinha. Ofício Divino das Comunidades. São Paulo: Paulus, 2015.

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