Santíssima Trindade

Foto: www.cnbb.org.br

É muito bom quando estamos numa roda de conversa com os amigos e começamos a recordar. Lembramos momentos do passado: uma viagem que fizemos, uma festa em família, um trabalho que realizamos juntos, uma pessoa que gostamos. Foram momentos de amizade e de alegria. Mas também podemos recordar momentos de tristeza ou dificuldades: uma doença ou acidente que sofremos, a morte de uma pessoa amiga ou um momento de tristeza que enfrentamos. Quando recordamos não simplesmente revivemos o que aconteceu no passado, mas reforçamos nossa amizade com as pessoas hoje. Sentimos que aquele momento vivido no passado continua presente nas amizades que temos hoje.

O livro de Deuteronômio faz também uma recordação do passado: “Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, e investiga de um extremo ao outro dos céus, se houve jamais um acontecimento tão grande, ou se ouviu algo semelhante” (Dt 4, 32). A recordação da criação do mundo é mais que uma lembrança, é um ato de fé no Deus que libertou o povo com prodígios e sinais. Diante de tal recordação o povo é convocado a crer que não existe outro Deus igual. Fazer esta recordação é reforçar a amizade de Deus com seu povo: “Guarda suas leis e seus mandamentos que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e vivas longos dias sobre a terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre” (Dt 4, 40).

No Evangelho Jesus, depois da sua ressurreição, chama seus discípulos para um monte na Galileia. Foi justamente na Galileia que Ele iniciou a sua missão. Ir lá é recordar os fatos que acompanharam esta missão, pois foi lá os discípulos foram chamados e Jesus realizou muitos sinais e prodígios em palavras e gestos. Mas também foi lá que os fariseus começaram a tramar a morte de Jesus. Recordar o que aconteceu na Galileia é também lembrar que Jesus caminhou com seus discípulos até Jerusalém onde Ele enfrentou a morte de cruz, mas venceu a morte e ressuscitou. Esta recordação não somente reforçou a amizade com Jesus, mas também com sua missão: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo que vos ensinei!” (Mt 28, 19). E a promessa de Jesus é o que garante o futuro da amizade e da missão: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).

Podemos dizer que recordar o que Deus realizou no passado é também ser conduzido pelo Espírito como filhos de Deus hoje. Como São Paulo nos lembra na sua carta: “Se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8, 17). Assim, não somos mais escravos e é esta lembrança que nos dá a coragem de dizer “ABÁ, Ó PAI”.

Celebrar a festa da Santíssima Trindade é recordar que Deus é nosso Pai que nos criou; Jesus, o Filho de Deus, nos salvou pela sua morte e ressurreição; e é o Espírito Santo que nos conduz para viver e testemunhar nossa fé no mundo.

É esta fé que nos dá a força para vivermos a missão de evangelizar e transformar a vida pela promessa do Pai e o compromisso cristão com a garantia de Jesus: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Assim é preciso observar o que Jesus ensina. É esta garantia que temos como herdeiros que nos dá a confiança da realização do Reino de Deus onde o medo e a morte serão vencidos pela vitória da vida. Recordar tudo isso é crescer na fé para que sejamos o povo eleito hoje que vive o ensinamento de Jesus em vista do futuro do Reino que virá.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

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