Santíssima Trindade

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

Hoje celebramos o mistério da Santíssima Trindade, festa em que recordamos a nossa fé em um só Deus, mas são três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Não só recordamos o que acreditamos, mas ao mesmo tempo, celebramos esta nossa fé, pois iniciamos e concluímos a nossa celebração em nome da Santíssima Trindade. É nesta escola de fé e na celebração da Eucaristia que podemos aprender o que significa ser cristão nos tempos atuais.

Quando falamos de um mistério pensamos naquilo que é fora do nosso conhecimento, inexplicável, aquilo que não compreendemos. Há mistérios que podemos compreender quando são revelados, mas existe certos mistérios que nunca vamos compreender, ou porque nunca se revelou ou porque estão fora da nossa compreensão e entendimento. Um mistério não revelado pode levar ao medo, pois tememos o que não conhecemos, mas, ao mesmo tempo, um mistério pode ser motivo de contemplação.

A festa da Santíssima Trindade é justamente a contemplação de um mistério. Contemplar é admirar, apreciar e olhar atentamente, como por exemplo contemplar a obra da criação. Diante das maravilhas que Deus criou só podemos refletir e admirar. O salmista capturou o significado disto quando disse: “Contemplando estes céus que plasmastes e formastes com dedos de artista; vendo a lua e as estrelas brilhantes, perguntamos: `Senhor, que é o homem, para dele assim lembrardes e o tratardes com tanto carinho? ´” (Sl 8, 4-5).  Diante deste mistério tão grande e não compreendido, só podemos nos calar e nos curvar.

Na primeira leitura, do livro de Êxodo, Moisés queria contemplar a face de Deus e, diante do mistério de Deus que é rico em bondade, misericordioso, clemente, paciente e fiel, ele se curvou. Mas, justamente na contemplação deste mistério de Deus, Moisés descobriu que Deus faz aliança e caminha com seu povo: “Peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nosso pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Ex 34, 9).

A segunda leitura mostra que Deus é um Deus próximo, e São Paulo, na sua saudação à comunidade, lembra que é este Deus Trino que permanece que conosco e nos dá graça, paz e comunhão: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam todos vós”. (2Cor 13,13). Deus, para resgatar o povo do mal e do pecado, nos garante e oferece o seu amor na pessoa do seu Filho e na comunhão do seu Espírito.

O Evangelho mostra um Deus que salva e que se revelou ao mundo por meio de seu Filho: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). A proposta de Deus para todos nós é vida e vida em abundância, manifestada no mistério da Trindade, pois neste mistério, Deus se revela como um Deus que está próximo e caminha com seu povo, que permanece conosco e oferece a vida para todo aquele que crê.

A festa da Trindade não é apenas uma oportunidade para falar da Trindade ou tentar compreender o mistério de três pessoas num só Deus, mas é um convite para contemplar quem é o nosso Deus. É um Deus de amor que criou os homens e as mulheres para os fazer comungar nesse mistério de amor. A fé na Trindade nos leva a reconhecer a beleza e profundidade da realidade humana e que, no mistério da Trindade, há uma perfeita unidade na diversidade.

Contemplar a Trindade nos leva a reconhecer nossa união com Deus e com o próximo e aprendemos a viver a paz que significa a harmonia entre as pessoas, com a natureza e com Deus. É pela vivência da fé na Trindade que nós podemos cultivar a atitude de esperança que produz em nós perseverança e firmeza no amor, derramado em nós pelo Espírito Santo.

A festa da Trindade é também a festa da comunidade.  As Comunidades cristãs devem ser a expressão desse Deus, que é amor e comunhão, vivendo numa experiência verdadeira de amor, de partilha e de perdão, pois a Trindade é a melhor das comunidades.

É também festa do Batismo porque fomos batizados em nome da Trindade e por isso precisamos ser sinais de comunhão para viver novas expressões de amor e novo ardor diante dos desafios que a sociedade nos apresenta.

Nossa fé na Trindade significa ser testemunha de Deus, gerador da vida, rejeitando e lutando contra as forças que geram egoísmo, intolerância, escravidão e morte. Quanto mais nos esforçamos para viver em comunhão, comprometidos com a partilha e fraternidade num mundo tão dividido, individualista e desesperançado, melhor que podemos contemplar o mistério da Santíssima Trindade.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM


BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.

COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home. Acesso em: 03 fev. 2022.

A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo

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