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Tapiri da Palavra: Segundo domingo do Advento – Ano C

A roupa que nós usamos diz muito sobre quem somos. Sem a gente perceber, a maneira que nos vestimos revela a nossa personalidade e como nós mesmos nos identificamos. Às vezes, usamos a roupa de acordo com a ocasião: roupa para o trabalho, para participar de uma festa ou a roupa que usamos para ir à igreja. Tem pessoas que usam roupa de grife ou da moda para “aparecer”, e outras pessoas que querem dizer uma mensagem com a roupa que usam. Existe também uma roupa específica para identificar quem somos: o bombeiro e o policial têm sua roupa; o médico usa uma bata; a professora tem seu uniforme, os alunos também.  Também trocamos a roupa para assumir várias identidades e até para nos identificar com uma causa ou com um acontecimento. Sim, a roupa que usamos diz muito sobre quem somos. 

O profeta Baruc diz: “Despe, ó Jerusalém, a veste de luto e de aflição, e reveste, para sempre os adornos da glória vinda de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno” (Br 5, 1-2). O povo é convidado a vestir uma roupa nova justamente para se identificar com o Projeto de Deus e assim, liberto do luto e da aflição, ser levado para uma nova terra onde reina o amor e a paz. O profeta convida para levantar e começar uma nova caminhada para transformar a realidade onde vai se abaixar altos montes e colinas e os vales serão aplainados. A roupa, o manto da justiça, identifica o povo que assume o compromisso no projeto de transformação e a glória de Deus habitará entre eles.   

No Evangelho escutamos sobre a maneira que João Batista se vestia, com pele de camelo, usava cinto de couro e comia gafanhotos. João é o precursor que vem proclamar a conversão e o perdão dos pecados. Essa maneira de se vestir e agir certamente não identificava João com a história oficial mencionada no início do evangelho, quando São Lucas fala dos que mantinham o poder político e religioso:  César, Herodes, Pilatos, Anás e Caifás.  João, que apareceu no deserto com sua maneira de vestir e agir, se identifica com este mesmo povo que caminhava no deserto à procura da libertação. Por isso, João faz um apelo ao povo: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Lc 3, 4). Assim, lembrando as palavras do profeta Baruc, João anuncia que “Todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3, 6). 

Diante das leituras neste segundo domingo de Advento podemos perguntar: Qual é nossa identidade cristã e como nós nos identificamos como cristãos? Qual a veste que devemos usar neste tempo de preparação para o Natal? 

Primeiro, devemos endireitar as estradas. Nem sempre seguimos o caminho reto, indicado por Jesus. Aceitar o convite para a conversão significa viver o amor, a doação e o serviço aos outros e à comunidade. É preciso vencer os obstáculos do egoísmo e do pecado e endireitar as estradas tortuosas do mal para chegar no caminho de Deus. Devemos também reconhecer que existem muitos vales que nos separam uns dos outros. Podemos preencher estes vales na família, no trabalho, na escola e na comunidade por atos de solidariedade e compaixão que certamente vão nos unir. Muitas vezes somos tentados a nos exaltar, a querer ser maiores e melhores que os outros. Nosso orgulho e nossa autossuficiência nos impedem de nos aproximar dos outros e, portanto, de Deus. Precisamos endireitar os caminhos tortuosos por uma vida de retidão na simplicidade e humildade. Assim podemos abaixar os montes da separação. 

Certamente a nossa identidade com as pessoas vai além da roupa que usamos e das aparências, e do mesmo jeito, a nossa identidade cristã precisa ir além do fato que somos batizados. Vestir o manto da justiça significa que a nossa identidade como cristãos vai além das aparências quando as ações que praticamos mostram o que acreditamos.

Queremos que este tempo de Advento seja uma oportunidade de conversão, e que as palavras de João possam ressoar em nossa vida: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1, 15). Pela escuta destas palavras, somos convidados a nos despir da roupa da maldade, do egoísmo, do pecado e do comodismo para nos vestir com o manto da justiça e manifestar verdadeiramente nossa identidade cristã.

Por: Frei Gregório Joeright, OFM

Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM

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O Advento da Igreja Sinodal

Foto: Arquivo da Custodia

 

O tempo do Advento nos traz uma mensagem de esperança e nesta caminhada sinodal também sentimos a alegre expectativa pelo novo que vem. Ressoam fortes a ideia do Reino que veio e que vem, na encarnação e parúsia. As duas vindas de Cristo nos colocam em um caminho na história e para além dela, que a Igreja pretende trilhar de forma sinodal. Sinodalidade é uma expressão que evoca o caminhar juntos. A palavra advento nos dá a ideia de presença permanente, Deus que vem, e a nossa chegada até Ele. Temos então um percurso para comunhão no “achegar-se” junto dele que vem ao nosso encontro. O Advento do Senhor é advento da Igreja nova.  

O Advento é um tempo caminhante para a novidade que Deus nos prepara. Tempo de escuta, comunhão e missão. Os textos bíblicos nos remetem à preparação dos caminhos do Senhor e da Igreja que com Maria se põe na estrada do serviço. A gestação sinodal deve dar à luz a alegria de uma comunidade que sempre se renova, como o menino Deus. O advento é um tempo de escuta e preparação, assim como a caminhada sinodal nos coloca a necessidade de ouvir os clamores de Deus e os sinais dos tempos. Essa irrupção de Deus na nossa humanidade é como vento que sacode as coisas. Preparar os caminhos do Senhor, implica hoje no caminhar juntos. 

 

Compartilhamos os sonhos e esperanças, mas também os sofrimentos e incertezas. O apelo a caminhar juntos nestes tempos de luto e sofrimento nos convida a sermos semeadores da esperança. “Muito suspira por Ti” é um canto de autoria de Geraldo Leite Bastos que sintetiza bem essa expectativa em conjunto. Esperamos o Santo Messias em comunhão, participação e missão. A nação que sofre junto, a qual “enchem de dor”, também é aquela que espera e luta por novos tempos. A Igreja no advento deste sínodo é chamada a “fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões, fazer florescer a esperança, estimular confiança, enfaixar feridas, entrançar relações, ressuscitar uma aurora de esperança, aprender uns dos outros e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações, restitua força às mãos” (Papa Francisco, 2018). Somos aqueles que no espaço do Advento se põem a mirar o sol que nasce da aurora. Estamos nos passos daquele “novo que sempre vem”, como cantam os nossos artistas.

Outra imagem coletiva do Advento é a de um povo em expectativa. “Jerusalém, Povo de Deus, Igreja santa, levanta e vai, sobe as montanhas, ergue o olhar” (Reginaldo Veloso) é o que cantamos numa união sinodal, para recordar que somos um povo que caminha junto na esperança. “Este povo que escolheste, sua sorte melhoraste”, tomado da expressão do salmista, nos lembra que vamos trilhando o Advento da comunhão. Essa eleição não é exclusivismo, mas serviço e testemunho universal. A alegria é outra tônica deste tempo, uma feliz espera e caminho sinodal com suas releituras e mudanças nos enche de felicidade. É a alegria de um encontro com o Senhor e os irmãos.  

Esperamos que esse tempo do Advento vivido em chave sinodal nos ajude a perceber que partilhamos esperanças no caminho com o Senhor. Nesta oportunidade da vida eclesial somos convidados a mudar os nossos passos para acolher o Reino. Percebamos que estamos no Advento de uma “Igreja sinodal” que acende as luzes da escuta, comunhão, participação e missão e o sonho do fim do clericalismo que imbeciliza e do autoritarismo que atrofia.

Frei Fábio Vasconcelos, OFM

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Comunidade Divino Espírito Santo realiza tríduo sobre a Espiritualidade do Canto Litúrgico no ciclo do Natal

Foto: Felipe Viana

O Tríduo sobre a Espiritualidade do Canto Litúrgico no Ciclo do Natal, iniciou na quarta-feira (3) e se estende até nesta sexta-feira (5), na Comunidade do Divino Espírito Santo, no bairro do Jutaí, pertencente à Paróquia de Cristo Libertador, Região 02 de Pastoral da Arquidiocese de Santarém-Pará. O Tríduo, organizado pela equipe da Pastoral Litúrgica da Comunidade, tem o propósito de dar prosseguimento à 2ª formação continuada das lideranças leigas da comunidade e dialogar sobre os cantos litúrgicos adequados para o Advento e o Natal. 

O Tríduo iniciou na quarta-feira (3), com a assessoria de Anaíde Batista Viana, representante da Comunidade na Equipe da Pastoral Litúrgica na paróquia. Neste primeiro dia, foi salientado a temática: A Espiritualidade do Canto Litúrgico, que se desenrolou com base na exposição do Padre Carlos Alberto Contieri, na abertura do 1º Congresso Diocesano de Músicos Católicos da Diocese de Santo André, SP.

  Anaíde abordou como deve ser a “Espiritualidade do músico que serve a Sagrada Liturgia” de acordo com as passagens bíblicas das Cartas de São Paulo (1 Coríntios 12, 4-6 e Gálatas 2, 20), argumentou também, com base no Concílio Vaticano II (Capítulo I, 7 da SC), a Vocação Cristã e o item VII do Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, que orienta como deve ser o canto e a música na liturgia. O primeiro dia do Tríduo contou com aproximadamente 30 pessoas e a participação virtual da agente de Pastoral Érika Araújo, da Paróquia de Cristo Libertador. 

 

Exposição sobre o Canto Litúrgico. Foto: Felipe Viana

 

A segunda noite do Tríduo Litúrgico abordou a temática: “Técnicas Vocais e Vivências dos Cantos do Ciclo do Natal”, que contou com assessoria da Profª. de Música Erlane Santos. Ela explanou aos participantes as técnicas de respiração, dicção, exercício de ritmo, melodia e afinação. A assessora ainda enfatizou a relevância do conhecimento básico sobre o Hinário Litúrgico da CNBB posto que, os fascículos do Hinário são uma iniciativa do Setor de Música Litúrgica da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

 

Exercícios com os participantes da Formação. Foto: Felipe Viana

 

O Tríduo de formação Litúrgica, prossegue até esta sexta-feira (5), às 19h30, com as temáticas: “O canto e a música no Tempo do Ciclo do Natal, e as Vivências do Acendimento da Vela da Coroa do Advento; Ladainha do Advento e Anúncio do Natal”. A terceira e última noite será assessorada por Lucírio Mascarenhas e Janderson Mendes, ambos membros da Equipe da Pastoral Litúrgica da Comunidade.

 

Pascom da Comunidade Divino Espírito Santo – Jutaí