Como franciscano, sempre tive curiosidade sobre a frutífera amizade entre Francisco e Clara de Assis. As suas histórias de vida se uniram em uma amizade com um grande Amigo, Cristo, que os chamou para dar muitos frutos. Eles, decerto não eram amantes, mas eram profundamente dedicados um ao outro; construíam suas ordens juntos e se voltavam um para o outro em busca de apoio e sabedoria.
Clara desistiu de tudo para estar com Francisco, para viver como ele viveu, para ver o rosto Divino no rosto dos pobres e oprimidos e amá-los como seu amigo os amava. Um dia ouvi um confrade dizer que “Santa Clara, não queria ser um reflexo de Francisco, mas ser, como ele, um reflexo de Cristo”.
Enquanto Francisco guiava sua crescente fraternidade de Irmãozinhos, ele designou Clara como líder das Damas Pobres (as Clarissas). Quando Francisco se sentia mais sozinho no mundo, mais perseguido e incompreendido, era a sua amiga Clara que ele se dirigia para obter clareza, sabedoria e um amor despido de sentimentalismo.
No final de sua vida, quando a fraternidade floresceu tão rapidamente que ameaçou implodir, a saúde física de Francisco espelhava a doença que se espalhava por sua comunidade. Assolado por uma dor incessante nas articulações e na carne, e quase cego, o jovem de 44 anos se refugiou ao lado do convento das Clarissas em São Damião (onde Clara viveu e morreu). Ali, perto da mulher que conhecia sua alma e o amava com um amor perfeito, e envolto nos sons e cheiros sagrados da criação, Francisco compôs o Cântico das Criaturas.
Quando Francisco não conseguiu mais esconder a gravidade de sua condição, os frades o levaram para casa para morrer. Clara imediatamente ficou gravemente doente, compartilhando o sofrimento de seu amado em seu próprio corpo.
Alguns dias depois, os irmãos levaram o corpo sem vida de Francisco para o convento de São Damião e pararam sob a janela de Clara. Eles o ergueram bem alto para que Clare quase pudesse estender a mão e tocá-lo. Os frades ficaram ali o tempo que Clara quis para se despedir do seu amigo-amor.
A vida de Francisco e Clara é inspiradora e até hoje serve como exemplo para todos aqueles que querem servir a Deus de uma maneira mais radical. Nos inspira ainda, o amor daqueles dois amigos que nunca negaram um ao outro seu apoio, suporte, atenção, oração e bem-querer. A amizade destes dois santos de Assis não dependia do encontro diário, dos telefonemas semanais, das mensagens de WhatsApp, do cartão de natal; a amizade deles era mantida pelo amor de um pelo outro. E esse amor era demonstrado especialmente através das orações oferecidas diariamente.
Neste dia do amigo, eu te desejo alguém que possa diariamente rezar por ti. Desejo ainda que você tenha a possibilidade de retribuir fazendo o mesmo e oferecendo seu abraço, sua atenção e seu coração a esta pessoa que você tem o privilégio de chamar de amigo.
Feliz 20 de Julho, amigo(a).
Frei Erlison Campos, OFM