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Cardeal Steiner toma posse de Título pároco da igreja São Leonardo de Porto Maurizio, em Roma

O arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, celebrou na manhã deste domingo, 4 de dezembro, na Diocese de Roma, a sua primeira missa na Paróquia Romana San Leonardo da Porto Maurizio. Na ocasião, o cardeal tomou posse do título de pároco desta igreja onde o Papa Francisco é bispo.

Trata-se de uma das atribuições dos cardeais que são o clero de Roma e cada um é pároco de uma das paróquias da Diocese de Roma. Segundo o Código de Direito Canônico, cada cardeal recebe o título de uma igreja em Roma como sinal de proximidade com o Papa e colaboração com o ministério do sucessor de São Pedro.

Os Cardeais, a quem for atribuída por título uma Igreja suburbicária ou uma igreja de Roma, depois de tomarem posse dela, promovam com o seu conselho e patrocínio o bem das mesmas dioceses e igrejas, mas não têm sobre elas poder algum de governo. […]

Cân. 357 — § 1.

São Leonardo de Porto Maurizio na Acilia (em latim, Sancti Leonardi a Portu Mauritio in Acilia) é um título cardinalício instituído em 19 de novembro de 2016 pelo Papa Francisco. Sua igreja titular é San Leonardo da Porto Maurizio. Seu primeiro titular foi o Cardeal Sebastian Koto Khoarai (2016-2021) e agora assume o Cardeal Leonardo Ulrich Steiner (Atual 2022).

O título não interfere no governo da Arquidiocese de Manaus, da qual o Cardeal Leonardo Steiner continua sendo o arcebispo. Ele retorna à Manaus dia 7 e presidirá a solenidade da padroeira da Arquidiocese de Manaus e do Amazonas.

 

Fonte: Ana Paula G. Lourenço/ Arquidiocese de Manaus

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Dom Leonardo Steiner, um irmão entre os menores da Amazônia

  O terceiro dia do décimo segundo Capítulo da Custódia São Benedito da Amazônia foi marcado pela presença de Dom Leonardo Ulrich Steiner, a quem o povo da região carinhosamente chama “Cardeal da Amazônia”. O Cardeal chegou a Santarém na tarde do dia 15 de novembro e sua presença fraterna despertou muita alegria por parte dos capitulares. A conferência de Dom Leonardo foi um momento muito aguardado dentro da programação do Capítulo.  

Em sua conferência, o Arcebispo de Manaus, foi tecendo um profundo comentário sobre a identidade franciscana e sua vida e missão como “Menores na Amazônia”. Na sua introdução Dom Leonardo fez uma bela recordação do itinerário espiritual de Francisco de Assis como “alguém que mudou de vida depois do encontro com o Crucificado”. O amor de Francisco foi gratuito e generoso, destacou o Cardeal. 

 

Frei João Carlos Karling (Visitador Geral), Dom Leonardo e Frei César, (Definidor Geral)

 

A espiritualidade e vida franciscana, segundo ele, deve ser marcada por uma profunda admiração. Francisco foi um profundo admirador de Deus, que por “um amor tão extraordinário e admirável que se fez Menor”. O amor que movia o Pobrezinho de Assis, o movia, e como recordou Dom Leonardo, “o levou a gemer e a lamentar nos bosques”. O amor que não é amado é generoso e gratuito, afirmou. 

Vida, missão e minoridade são temas fortes para reflexão sobre a identidade dos frades menores na Amazônia, sobre isso, Dom Leonardo também dedicou pontos da sua alocução aos frades. A vida foi definida por ele como “dinâmica, sentido e o concretizar de uma existência”.  A gratuidade e a fraternidade foram enfatizadas como aspecto presente   no viver, assim pontuou o Arcebispo. Fraternidade foi exposta na conferência como a força que faz irmão. Entre os frades menores a força que faz ser irmão é a minoridade, ressaltou o Cardeal Steiner. 

Durante a conferência foram abordadas à luz da riqueza do franciscanismo temas como gratuidade, fraternidade, cuidado. Um olhar franciscano desde o coração da Amazônia nos permite ver com tristeza que conforme, constata o cardeal: “As criaturas deixaram de ser irmãs para tornaram-se objeto de exploração”. Acabamos por observar “relações desfraternas”. Ao invés de nos desarmar estamos cada vez mais em tempos desafiadores e de profundos conflitos. 

A hermenêutica da totalidade foi destacada aos frades como “possibilidade de ser Igreja na Amazônia” com uma “responsabilidade envagelizadora”. Dom Leonardo destacou que os frades na Amazônia têm uma missão própria. Um carisma privilegiado para dialogar com os povos e culturas locais. A “admiração com o mistério de Deus” ocupa um lugar importante na presença franciscana neste território.

Frei Thomas Nairn, Dom Irineu Roman, Dom Leonardo e Dom Wilmar Santin.

Sobre a missão franciscana na Amazônia, o Cardeal, realçou aos frades em capítulo que “como Menores, estamos satisfeitos onde a obediência nos envia”. Provocados a anunciar o Amor que não é amado. Neste caminho com a Amazônia a admiração nos impulsiona na encarnação e no anúncio transformador e libertador. Concluindo a conferência, o metropolita, afirmou que “Como Menores deveríamos estar entre os menores, para sermos menores”.  Em seguida o Cardeal ouviu a ressonância dos frades sobre a sua exposição, momento de um esperançoso bate-papo. Como arcebispo de Manaus, ele agradeceu a presença e atual dos frades na capital amazonense. 

 

Auditório Capitular

Texto e fotos: Equipe de Comunicação para o Capítulo

 

DomLeonardo

Um cardeal franciscano e de Francisco

 

No dia 29 de maio, os primeiros raios de sol em Manaus traziam uma notícia que foi motivo de surpresa para muita gente. Na verdade, conhecendo a lógica do Papa Francisco, a escolha de um cardeal da Amazônia era algo esperado. Ele é um Papa que gosta de ter por perto àqueles que vivem nas periferias, pois é lá onde ele encontra as luzes para seu pontificado.

Foi nesse dia que, mais uma vez sem avisar ninguém, o Papa Francisco convocou um novo consistório, que será realizado neste sábado, 27 de agosto, na Basílica de São Pedro. Entre os novos purpurados estará o Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a quem muitos já chamam o cardeal da Amazônia ou o cardeal da floresta.

A nomeação de Dom Leonardo é mais um exemplo do que tem acontecido em todos os consistórios convocados até agora pelo Papa Francisco, onde sempre aparecem bispos de lugares desconhecidos e que nunca tiveram um representante dentro do Colégio Cardinalício.

Pela primeira vez na história, um bispo da Amazônia terá uma vaga no Colégio Cardinalício. Desde o primeiro momento, Dom Leonardo deixou claro que sua nomeação não era algo que fizesse referência exclusiva a sua pessoa, e sim um serviço que assumia em nome da Igreja e dos povos da Amazônia. Uma região, uns povos e uma Igreja que ocupam um lugar importante no coração do Papa Francisco, que convocou um Sínodo para a Amazônia que está mudando a história da Igreja universal.

Dom Leonardo é franciscano, a ordem fundada pelo Santo de Assis, que viveu e deixou como carisma o amor aos pobres e à Irmã Mãe Terra, algo que desde o início de seu pontificado foi assumido pelo primeiro Papa que assumiu o nome de Francisco. O Papa Bergoglio é um jesuíta com coração franciscano, grande amigo do Cardeal Hummes, o franciscano recentemente falecido, que dedicou os últimos anos de sua vida à Amazônia.

Nos primeiros dias como Bispo de Roma, o Papa Francisco afirmou que ele gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres, e sua primeira encíclica, Laudato Si´, pode ser considerada uma atualização do vivido e defendido pelo Santo de Assis oito séculos atrás. São princípios que guiam a vida do novo cardeal, quem acostuma se encontrar e distribuir alimentos para os moradores de rua de Manaus. Um arcebispo que apoia decididamente o trabalho com os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas, que denuncia os graves impactos que sofre o bioma amazônico, em consequência da falta de respeito pelas leis e princípios ambientais.

A nomeação de Dom Leonardo como cardeal é motivo de alegria, mas também de esperança, pois a Amazônia terá mais alguém entre os colaboradores mais próximos do Santo Padre. O colégio cardinalício contará com uma voz que, como já está fazendo desde que assumiu o pastoreio da Igreja de Manaus, vai defender a vida que se faz presente de modos tão diferentes na Querida Amazônia.

Luis Miguel Modino

Publicado em: CNBB Norte 1