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Tapiri da Palavra: Domingo de Ramos da Paixão do Senhor – Ano C

Com o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor celebramos o início da Páscoa do Senhor, nessa que é a mais importante semana do calendário litúrgico, pois, nos recorda a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

As leituras que nós meditamos nesse domingo nos colocam no clima da semana santa. Delas brotam duas atitudes de Jesus: esvaziamento e misericórdia. Tal ensinamento queremos vivenciar nesses dias, acompanhando os últimos passos de Nosso Senhor para ressuscitar com Ele no domingo de Páscoa.

São Paulo, na carta aos Filipenses, afirma que “Jesus Cristo…esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo… humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. No momento decisivo, na hora de Jesus, o mestre de misericórdia entra solenemente em Jerusalém sem pompas, num total despojamento e humildade, montado num jumentinho. Toda a sua vida foi um testemunho de simplicidade. E chegado o momento final, Jesus ensina a nos esvaziarmos de nossa arrogância, prepotência e orgulho. Se quisermos celebrar a Páscoa do Senhor com o coração purificado é preciso viver a humildade nas relações com os nossos irmãos e irmãs. Superar essa nossa mania de grandeza e superioridade e a de nos acharmos melhores do que os outros.

O relato da Paixão do Senhor segundo o evangelista Lucas nos apresenta a outra atitude de Jesus que perpassa toda a sua vida: a misericórdia. Destaca-se nesse relato para a nossa meditação quatro gestos de Jesus. O primeiro: a cura da orelha decepada do empregado do sumo sacerdote (Lc 22,51). Com esse gesto, Jesus nos ensina que o discípulo não só não pode agredir ninguém, mas tem de estar sempre disposto a curar as feridas provocadas pelos outros. Jesus cura até quem lhe causou o mal. Infelizmente no nosso cotidiano ferimos as pessoas com as nossas palavras e gestos. Até destruímos vidas com o poder da palavra. Da nossa boca deveria sair só palavras para edificar e curar as pessoas. É hora de repensar nossas atitudes e pedir ao Senhor que nos ajude a sermos homens e mulheres que tocam e curam a alma de tantos irmãos e irmãs.

O segundo gesto: o olhar misericordioso para com Pedro (Lc 22, 61). Esse gesto comovente mostra a compreensão de Jesus pela fraqueza do seu discípulo e é sinal do perdão que lhe concede. Com o olhar de Jesus, Lucas quer ensinar aos cristãos que não se deve desencorajar diante das fraquezas e pecados. Jesus é muito compreensivo e a todos dirige um olhar misericordioso e pleno de amor. Vamos nessa semana rever o nosso olhar de condenação diante dos pecados e fraquezas de nossos irmãos e irmãs.

O terceiro gesto: o perdão dado aos que tramaram a sua morte (Lc 23, 34). As palavras de perdão de Jesus não se referiam aos soldados ocupados em dividir entre si suas vestes, mas aos verdadeiros responsáveis pela sua morte: as autoridades religiosas do seu povo. Jesus não se limitou a ordenar aos seus discípulos que perdoassem sempre e sem impor condições, mas deu o exemplo. Que tal nessa semana procurarmos nos reconciliar com alguém que há muito tempo não falamos.

Por fim, o quarto gesto: o salvamento do ladrão arrependido (Lc 23, 43). A vida de Jesus foi toda uma doação aos desprezados, aos últimos, aos impuros de Israel. Viveu cercados pelos publicanos, pelos pecadores, pelas prostitutas. E no fim, com quem morre? Com os santos? Não! Também no fim e era de se esperar, Ele se encontra no meio de quem mais amou: os pecadores. Na cruz está no meio de dois infelizes que fizeram tudo errado na vida. Ele veio de Deus, cumpriu a sua peregrinação nesta terra e agora volta ao Pai. Mas não volta sozinho. Volta acompanhado por alguém que representa a todos nós: um pecador, recuperado pelo seu amor. Nessa semana vamos repensar nas nossas atitudes de discriminação e preconceito. Vamos julgar menos e amar mais.

Que tenhamos uma feliz caminhada nessa semana santa e que os gestos de humildade e misericórdia possam ecoar na nossa vida. Uma santa e abençoada Páscoa.

 

 – Frei Haroldo Pimentel, ofm