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O legado de saúde e esperança do frade e médico Lucas Tupper

Frei Lucas Tupper. Fonte: Arquivo Custodial.

 

“Eu Garanto a vocês: Todas as vezes que vocês fizerem isso

a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que fizeram” 

Mateus 25, 40.

 

James Tupper (Frei Lucas) nasceu em 25 de junho de 1933, na cidade Hamilton, estado de Ohio – Estados Unidos. Graduou em Medicina no ano 1962 na Faculdade de Medicina Wisconsin. Foi ordenado na capela do seminário Westmont nos Estados Unidos em 1969. 

No Centro Médico da Universidade de Chicago, Tupper, iniciou sua carreira como cirurgião. Durante seu trabalho, a lembrança da pobreza vivenciada em suas missões militares começou assombrá-lo, fazendo com que ele desistisse de continuar sua carreira para estudar sacerdócio e ser um médico missionário em 1963. Antes de ingressar na ordem religiosa franciscana, escreveu à sua mãe informando da sua vocação e algumas de suas palavras escritas foram “Acho que é onde Deus me quer”. 

 

Frei Lucas em uma das visitas médicas e missionárias. Fonte: Arquivo Custodial.

 

No outono de 1969, Tupper, já com seu diploma de médico brasileiro e concluído seu estudo religioso, visitou a região do Baixo Amazonas no município de Santarém por três meses seguintes. Viajando de barco, jeep, bicicleta e a pé pelas vilas, ficou impressionado com a pobreza e falta de atendimento médico na região, pessoas de todas as idades adoecendo, morrendo diante seus olhos por não ter medicamentos e local adequado para serem cuidadas, deixando atordoado pela quantidade de sofrimento que o cercava, pensou que não bastava só atendimento médico, e sim, de todo os recursos hospitalar. Ele começou a recrutar apoio financeiro e logístico no período em que esteve em sua cidade para receber a ordenação presbiteral. As primeiras doações partiram da sua família e amigos. A irmã advogada doou a metade do seu salário. O irmão mais velho, John, um pároco em Michigan, organizou palestras em igrejas e clubes de serviço. Lucas implorou apaixonadamente que seus ouvintes compartilhassem suas bênçãos. Em Phoenix, outro irmão, Jerry, também advogado, incorporou a Esperança, uma organização sem fins lucrativos, para fornecer uma campanha de Lucas, desta forma foi recebendo doações de fiéis, pastores, médicos e recursos de sua Ordem, os franciscanos. Com ajuda da Marinha, ele conseguiu montar um barco-hospital, com todos os recursos de um centro médico, o qual batizou com o nome de “Esperança”. Com toda paixão e intensidade Frei Lucas, foi inspirando os norte-americanos a trabalharem voluntariamente em sua causa, formando equipe para ajudá-lo no atendimento pela região amazônica. No ano de 1974, o barco “Esperança” chegou a Santarém, sendo coordenado por Frei Lucas e irmã franciscana, Regina Wachowsk, tecnóloga médica, com ajuda dos voluntários americanos e brasileiros, iniciaram o atendimento na embarcação, pelas vilas, levando todos os recursos para as pessoas que não conseguiam chegar até o barco, outras, chegavam de canoas para serem atendidas. A forma de retribuir essa prestação de serviço, a população compartilhava o que eles tinham, com cestas de produtos e animais. A clínica logo se tornou um símbolo de esperança para aqueles que aprenderam a viver desesperançados. Em Santarém, a clínica “Esperança” se expandiu formando uma rede de postos avançados de assistência médica, cada uma composta por um “médico descalço” que a Fundação treinou para fornecer assistência médica. Contribuindo para criação de uma entidade internacional, sem fins lucrativos, nomeada de Fundação Esperança no dia 12 de dezembro de 1977 em Santarém, passando a documentar todas as suas ações para os órgãos doadores como forma de agradecimento por ajudar pessoas carentes.

 

Barco-hospital “Esperança”. Fonte: Arquivo Custodial.

 

Os trabalhos voluntários continuaram intensamente, após a morte do Frei Lucas. O sr. Bill Dolan prometeu dar continuidade ao seu legado, com ajuda do irmão do Frei Lucas, João. Até hoje, as iniciativas começadas por Frei Lucas beneficiam milhares de pessoas da região amazônica na área da saúde e da educação. De acordo com Bill Dolan: “Lucas nos ensinou que todos são importantes, mas ninguém é indispensável. O que ele tem deixado para trás é um legado de serviço e sacrifício. A continuação de seu trabalho é um testemunho vivo de um homem incansável que amou os pobres e inspirou outros a compartilhar esse amor”. 

 

Fonte: Franciscan Missionary Union – Chicago, Illinois.

Tradução: Frei João Schwieters, ofm