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Ordenação Presbiteral de Frei Raoul Bentes: Dia de alegria e graça para a Custódia São Benedito da Amazônia

Foto: Andrei Anjos, OFM.

 

Na manhã do dia 08 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, padroeira da Arquidiocese de Santarém (PA), foi ordenado presbítero para a Igreja, Frei Raoul Antônio Azevedo Bentes, OFM. A celebração aconteceu na Igreja do Santíssimo Sacramento e foi presidida por Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, OFM, Bispo da diocese de Juazeiro (BA). A celebração contou com a presença do Arcebispo de Santarém, Dom Irineu Roman, CSJ, do Bispo prelado de Itaituba (PA), Dom Wilmar Santin, O.Carm,  dos Frades Menores da Custódia São Benedito da Amazônia, religiosos e religiosas, Padres diocesanos e demais membros do povo de Deus. O bispo celebrante iniciou fazendo uma saudação especial a todos os frades da Custódia São Benedito da Amazônia, aos quais teve oportunidade de conhecer quando foi Visitador Geral, no ano de 2013, e as pessoas vindas das cidades de Itaituba, onde atua o Frei Raoul, bem como da sua cidade natal, Alenquer.  

Na liturgia da Palavra, as leituras apontaram para a ação de Deus, que fez de Maria uma mulher plena da graça, por ocasião dos méritos de Cristo. O Evangelho proclamado foi o que narra a Anunciação do Anjo a Maria (Lucas 1,26-38). Após a proclamação do Evangelho teve lugar a chamada ao ordenando. Frei Raoul colocou-se de pé, afirmando a sua presença, expressando prontidão. Frei Edilson, ministro custodial, dirigindo-se ao presidente da celebração, fez o pedido de ordenação e em seguida, declarou a dignidade do ordenando para o ministério na Igreja. Na sequência do rito, Dom Beto, afirmou: “Com o auxílio de Deus e de Jesus Cristo nosso Salvador, escolhemos este nosso irmão para a Ordem dos presbíteros”.

Durante a homilia, Dom Beto chamou atenção para a presença de uma saudação elogiosa feita pelo Anjo Gabriel, saudação esta, considerada exclusiva. “Em outros episódios bíblicos vê-se os santos anjos trazendo mensagens, mas não com uma atitude de reverência, como essa dada a Maria. Em Maria vemos que o convite vem acompanhado de um alegre cumprimento. Diante de Maria, Gabriel ficou tão encantado que exclamou: “Alegra-te, cheia de graça”. Dom Beto recordou os sentidos bíblicos e culturais da expressão graça. Segundo ele, o primeiro sentido é o de alegria, “falamos de algo alegre como algo que tem graça”. O segundo sentido da  graça apontado é o da beleza, que em Maria é algo mais profundo que a aparência externa. O bispo relembrou nas suas palavras que um teólogo franciscano, se utilizando de prefixos para falar da relação humana com Deus, afirmava que “o que o Criador formou, o pecado deformou. E Cristo, em sua encarnação, reformou”. O terceiro sentido da graça é o de dom, de onde procede a gratuidade. A graça é dom e Maria é agraciada por excelência. Ao saudar Maria dizendo “alegra-te, ó cheia de graça” vê-se os três sentidos da graça unidos. Ela é feliz, bela e repleta do dom de Deus. Como o anjo Gabriel, diante de Maria nós também ficamos admirados. E mesmo o Pai Seráfico, São Francisco, ao falar da Mãe de Jesus, associa Maria ao Mistério da encarnação, fazendo um paralelo entre o mistério do altar e da encarnação. 

 

Foto: Andrei Anjos, OFM.

 

Dirigindo algumas palavras ao ordenando, Dom Beto recordou que ele agora será revestido de uma graça sacerdotal, que o fará participante do Pastoreio de Jesus. “Configurado a Cristo, o presbítero deve “ser” na existência e na essência.  Conformado e configurado a Jesus não basta ser sacerdote, mas ter uma vida sacerdotal. O sacerdócio existencial deve sustentar o sacerdócio ministerial.” O bispo recordou ainda as palavras de João Paulo II “celebra a eucaristia e faz da tua vida uma eucaristia”, que dão um sentido de configuração com Cristo na vida presbiteral. Os elementos que sustentam e são critérios para os ministérios na Igreja são: oração, seguimento de Jesus, coração aberto para graça e fraternidade. “Toda vocação é convocação e especialmente para os franciscanos é a fraternidade que evangeliza.” O Bispo ainda retomou palavras do Documento Querida Amazônia que tratam da vocação presbiteral, convidando Frei Raoul a ter os sonhos do Papa Francisco no seu coração. 

O rito da ordenação procedeu com a manifestação pública do eleito da aceitação do encargo de presbítero. Em seguida, o bispo introduziu a ladainha de todos os santos, onde se suplicou para que a graça de Deus fosse derramada com largueza sobre o servo escolhido para o presbiterato. Frei Raoul se prostrou e o grupo de canto entoou a prece litânica. Seguiu-se para a imposição das mãos e Prece de Ordenação presbiteral. O gesto de imposição das mãos sobre a cabeça, feito pelo bispo e presbíteros, indica o ministério comum que exercem. A prece fez memória da ação de Deus que formou para si um povo sacerdotal, do qual escolheu lideranças para os diversos mistérios, entre eles o de ser presbítero. As petições da prece indicaram também o caminho pelo qual Frei Raoul deve trilhar. Na sequência ritual, todos puderam acompanhar o revestimento com os paramentos presbiterais, a unção das mãos e a acolhida das oferendas do povo, sinalizadas na patena e no cálice. Depois, o celebrante, os demais presbíteros e familiares saudaram o neo-presbítero. 

 

Foto: Andrei Anjos, OFM.

 

 

Frei Elder fez a leitura da ata de ordenação e em seguida, Frei Edilson agradeceu aos que se fizeram presente. Em nome da Custódia, agradeceu Dom Beto, por ser uma presença que alegra. Aos familiares de Frei Raoul e ao arcebispo de Santarém. Agradeceu igualmente ao bispo prelado de Itaituba por sua presença fraterna e pastoral. Dom Irineu agradeceu em nome da arquidiocese, destacando a ordenação de hoje como um momento feliz para a Igreja da Amazônia que tanto precisa.  O arcebispo ainda falou da graça que é para a Igreja que ganha mais um presbitério. E na cidade de Santarém se podem ver Sinais franciscanos na Amazônia.

No seu agradecimento Frei Raoul saudou os presentes e disse ter escolhido o fragmento de São Tiago, por ser uma passagem que salta aos olhos, desde que era um adolescente, coroinha na cidade de Alenquer. Ele recordou sua caminhada vocacional fazendo memória a certa vez quando Dom Martinho disse: “o futuro são vocês!” O neo-presbítero agradeceu a Deus, familiares, padres, frades e leigos que o incentivaram, destacando o nome de todos os seus formadores e ministros que o acolheram. Mencionou ainda Províncias Franciscanas por onde passou, os lugares onde estudou, e de modo geral dirigiu-se a todos os frades e ao povo onde trabalha, numa especial referência ao povo Munduruku. Disse o presbítero: “Meu muito obrigado. Sei que não sou digno, mas que minha fé seja forte. Rezem por mim”. A celebração foi concluída com a benção. Após a celebração foi servido um almoço para os presentes. Foi mais um momento de partilha e ação de graças. Desejamos a Frei Raoul copiosas graças e bênçãos em seu ministério. 

Equipe de Comunicação Custodial

 

Veja algumas fotos:

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Frei Raoul Bentes será ordenado presbítero no dia da Imaculada Conceição 

Foto: Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM

 

Frei Raoul Antônio Azevedo Bentes, natural da cidade de Alenquer (PA), será ordenado presbítero da Igreja na solenidade da Imaculada Conceição, dia 08 de dezembro. A celebração de ordenação acontecerá na Igreja Santíssimo Sacramento, em Santarém (PA), às 09h. O Frade é o único filho do casal Ivo Antônio Monteiro Bentes e Iramaia Targina de Azevedo Bentes. Ele ingressou na formação franciscana no ano de 2010, com o postulantado realizado na fraternidade Casa Maira (Santarém – PA). Fez o noviciado e professou os primeiros votos na festa de Santa Maria dos Anjos (02 de agosto de 2012), tendo como mestre de noviços Frei Raimundo Reginaldo. De 2013 a 2015 cursou filosofia em Manaus, vivendo na Fraternidade São Boaventura. No ano fraterno pastoral em duas etapas, na primeira viveu entre o povo Munduruku do Alto Rio Tapajós, mais especificamente na Missão São Francisco do Rio Cururu, e em seguida no Santuário São Francisco das Chagas em Canindé – CE. No ano de 2018, juntamente com Frei Erlison Campos e Frei Vagner Sena, na Igreja do Santíssimo Sacramento (Santarém – PA), professou solenemente os votos religiosos na Ordem dos Frades Menores. A celebração da sua profissão solene se deu no dia 02 de agosto, mesma data da primeira profissão. Após quatro anos de estudo teológico em Petrópolis o frade foi ordenado diácono em 08 de dezembro de 2020. Ordenado diácono há um ano, Frei Raoul, exerce sua missão como diaconal na Prelazia de Itaituba, servindo na Paróquia Sant’Ana, que é administrada pelos frades menores. 

 

Foto: Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM

Frei Raoul escolheu como lema da ordenação o trecho bíblico da carta de São Tiago que diz: “A fé se não tiver obras, está morta em si mesma” (Tg 2, 17).  A celebração de ordenação vem sendo preparada cuidadosamente por Frei Pedro Rodrigo e uma equipe composta por membros das equipes de liturgia da Rede Franciscana de Paróquias. A data escolhida para ordenação é muito importante para a Arquidiocese de Santarém, que neste mesmo dia celebra sua padroeira. O bispo que irá presidir a celebração é Dom Carlos Alberto Breis, OFM, bispo de Juazeiro da Bahia. Dom Beto, como é chamado, como frade menor foi visitador da Custódia no ano de 2013. A mobilização para participar da ordenação está sendo grande entre os comunitários de Itaituba e os amigos e familiares do frade em Alenquer. As pessoas que não puderem comparecer à Ordenação terão a oportunidade de acompanhar o evento pelas redes sociais da Custódia São Benedito da Amazônia. 

 

A teologia, espiritualidade e missão do presbítero 

A teologia que envolve o ministério presbiteral é a do Deus que forma e guia o seu povo. A missão do presbítero é gerada dentro da comunidade e para o seu serviço. Deus é autor da dignidade humana, o distribuidor das graças e o Pastor supremo, o presbítero recebe dele a força e unção para agir como Cristo Cabeça. Assemelhar-se ao Cristo não apenas na dimensão do Altar, mas na entrega e no serviço. Essa dimensão do chamado antes da fundação do mundo, feita em honra, e destinados à santificação, auxiliam os pastores escolhidos por Deus. Cristo é Sacerdote, Pontífice (Mediador) e Apóstolo que escolhe pessoas para seguir a sua missão. Cristo é a plenitude do sacerdócio e dele derivam e para ele convergem os ministérios na Igreja. O Senhor santifica, escolhe, instrui e doa a sua vida pela sua comunidade. Por sua vez, a exemplo do Mestre e no seu viver, o presbítero deve conduzir, ensinar e rezar como membro do povo de Deus. 

O ministério presbiteral é compreendido teologicamente como instituição divina do Deus presente entre nós. É dele que “procede o segundo grau da Ordem” e é Ele quem constituiu os seus servos à dignidade de presbíteros. E assim como os apóstolos tiveram em seu pastoreio colaboradores, são agora os presbíteros que andam com o povo. Os bispos e presbíteros estão unidos pelo vínculo da Ordem. Não é “uma vontade pessoal” que gera um presbítero. A relação entre presbítero e o povo não está dissociada em nenhum momento da prece e nos ritos da ordenação revisados pelo Vaticano II. A união com os bispos e com o povo é uma marca presente nas palavras e ritos da ordenação. A compreensão que se gera é de uma centralidade de Cristo que em seu amor pela Igreja-Povo faz brotar nela e por meio dela os ministérios. Os que recebem a Ordem são fiéis também, batizados também, mas que recebem em nome de Cristo o dom do Espírito para servir a Igreja com a palavra e a graça (cf. LG, 11). Portanto, não temos como compreender teologicamente o presbiterato sem uma eclesiologia do Povo de Deus (e da teologia litúrgica da Igreja como sujeito da ação litúrgica, corpo sacerdotal de Cristo) e sem uma cristologia do seguimento de Cristo total (Mestre, Pastor, Sacerdote, Profeta, Libertador…). 

A espiritualidade do Presbítero é centrada em Cristo que se ofereceu. Jesus é o guia supremo da vida do presbítero que deve em tudo buscar assemelhar-se a ele. O múnus aqui é visto por um carácter espiritual, de crescimento no caminho espiritual, e não como uma “obrigação”. Ao presidir às celebrações, nos cuidados pastorais e na sua vivência diária, o presbítero é chamado a testemunhar fecundamente a mensagem de Deus. Essa espiritualidade pastoral parte de Cristo que é a base do ministério e o fortalece com as graças necessárias. A espiritualidade presbiteral deve sempre renovar o coração no Espírito da Santidade. É uma espiritualidade da tomada de consciência do que se crê, anuncia, celebra e vive. Nesse caminho espiritual, o padre não atua só, tem uma comunidade com quem dialogar, um presbitério com que contar, e a força da bênção do Espírito Santo. A espiritualidade presbiteral de acordo com o que nos indica a liturgia da ordenação é pautada pela comunhão com a Igreja e seguimento de Cristo. Os ritos preparatórios são uma parte da ordenação que enfatiza os elementos dessa espiritualidade presbiteral. A prece de Ordenação é por assim dizer, a síntese, pois apresenta elementos da espiritualidade, as fontes do sacramento e sua missão no mundo.   

Na sua missão, o presbítero encarna a espiritualidade e a teologia do sacramento da Ordem. Na missão pastoral estão unidos ao presbitério e ao bispo (ou seu ordinário). Seguem animando e conduzindo o povo no caminho de Cristo que edifica, santifica e cuida. Os presbíteros devem semear a unidade dos fiéis na busca da consumação do Reino. As petições da prece de ordenação indicam a missão de ser, segundo o seu grau, cooperador do bispo, anunciador e dispensador dos mistérios de Deus, orante atento das intenções do povo e do mundo. No ministério presbiteral eles apascentam o rebanho e dão testemunho de vida evangélica como pessoas que meditam a lei do Senhor e a praticam. A dimensão do pastoreio nas suas diversas formas e culto divino se entrelaçam. Anúncio, culto divino e vida pastoral são elementos que o presbítero partilha com o povo (em nenhum deles age só ou em seu nome). E isso tudo é expresso também nos ritos complementares que enfocam a missão do presbítero.  

Acompanhe o vídeo convidando para a ordenação

Equipe de Comunicação Custodial