Caravana 2023 Missão

Vocação Laical: missão e serviço

Ministros da Palavra do Povo Munduruku. Foto: Arquivo Custodial.

 

Em nossos dias, cada vez mais se tem redescoberto e valorizado a vocação batismal dos leigos e leigas na Igreja. Podemos encontrar na história testemunhos diversos do ardor missionário de leigos que se dedicaram com imensa fidelidade no autêntico espírito do serviço. Em muitas comunidades podemos ver um jardim florido de ministérios e serviços assumidos por homens e mulheres. Mas, ainda existem certamente alguns desafios a serem superados quanto ao exercício dessa bonita vocação.

O protagonismo dos leigos é uma realidade que deve ser cada vez mais acolhida e estimulada. “Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” nos diz o Papa Francisco (EG 120). Os leigos são tão importantes para a Igreja, para a comunidade eclesial como as demais vocações específicas.

O Papa Francisco adverte para o perigo de pensar que existem protagonistas e coadjuvantes na evangelização, e sobre o risco de considerar os leigos como “executores” de tarefas. A Igreja é uma só comunidade evangelizadora, um só povo de Deus. Existe uma corresponsabilidade na missão eclesial, em vocações diversas, mas com um mesmo Espírito.  

Francisco afirma que os leigos não são hóspedes, eles também são os donos da casa. “Os fiéis leigos não são ‘hóspedes’ na Igreja, estão em sua casa, por isso são chamados a cuidar da própria casa”. Francisco afirma ainda que “Leigos e pastores juntos na Igreja, leigos e pastores juntos no mundo”. “Chegou a hora de pastores e leigos caminharem juntos em cada âmbito da vida da Igreja, em todas as partes do mundo”. 

Os leigos servem a Cristo e ao seu projeto, sendo Igreja, com todo o coração, em diversos segmentos da sociedade. Muitos leigos e leigas estão profundamente inseridos no anúncio do Reino e na busca de uma vida plena para todos. Os cristãos leigos assumem com amor todas as dimensões e compromissos que decorrem da sua iniciação cristã. Eles e elas atuam no ensino, na celebração, na vivência da fé. Desejamos a todos os leigos e leigas uma boa continuidade da sua missão e serviço. 

 

Sabrina Gonçalves

 


https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-02/papa-francisco-leigos-sinodalidade-corresponsabilidade-pastores.html – acessado em 24 de agosto

 

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Um dia Ministerial na Paróquia Sant´Ana em Itaituba

 

Foto: PASCOM Sant’Ana

Com grande alegria e espírito de serviço a comunidade paroquial de Sant´Ana, em Itaituba (PA), no dia 14 de novembro, 33º domingo do Tempo Comum, recebeu e renovou o compromisso dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística e investiu os novos coroinhas da Catedral.

  No dia 14 de novembro, às 7h na Catedral Sant´Ana em celebração Eucarística presidida pelo bispo da prelazia de Itaituba, Dom Wilmar Santin, OCarm, 30 ministros(as) Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística renovaram o compromisso de levar a Eucaristia para os enfermos e servir o altar do Senhor, também, dois receberam o ministério pela primeira vez. Durante a homilia, o bispo prelado enfatizou: “o ministério não é uma promoção, mas, um serviço à Igreja e a Deus”. Com muita gratidão e alegria recebemos estes irmãos(ãs) para continuarem seu serviço.

Foto: PASCOM Sant’Ana

 

No mesmo dia, em celebração Eucarística às 18h, oito coroinhas foram apresentados à comunidade. Durante a homilia, Dom Wilmar, relembrou de sua infância: “Quando eu tinha oito, sete anos de idade, também fui coroinha e isso fez muito bem para a minha formação”. Atualmente a Paróquia conta com 32 ministros extraordinários da Eucaristia, mais 15 que estão em formação e receberão o ministério em maio de 2022, já o grupo de coroinhas são 15, com os oito novos que foram apresentados.      

Podemos resumir estes dias para a Igreja em Itaituba com momentos de muita alegria para os ministérios de coroinha e ministros extraordinários da sagrada comunhão, que a graça de Deus possa conduzi-los sempre nesses bonitos ministérios. 

 

Frei Raoul Bentes, OFM  

Visita das Relíquias de São Francisco em Santarém - PA (2019) /Foto: Acervo OFS Norte 3

Vocação Laical Franciscana

Visita das Relíquias de São Francisco em Santarém – PA (2019) /Foto: Acervo OFS Norte 3

 

“E caminhando com ímpeto de espírito, sem escolher caminho nem atalho, chegaram a um castelo que se chamava Savurniano, e S. Francisco se pôs a pregar e primeiramente ordenou às andorinhas que cantavam, que fizessem silêncio até que ele tivesse pregado; e as andorinhas obedeceram. E ali pregou com tal fervor que todos os homens e todas as mulheres daquele castelo, por devoção,  queriam seguir atrás dele e abandonar o castelo. Mas S. Francisco não permitiu, dizendo-lhes: ‘Não tenhais pressa e não partais; e ordenarei o que deveis fazer para a salvação de vossas almas’. E então pensou em criar a Ordem Terceira para a universal salvação de todos.” (Fioretti, 16)

 

 

 

OFS no Capítulo Custodial de 2019/ Foto: Arquivo Custodial

 

“A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e o centro da sua vida com Deus e com os homens” (Regra OFS, 4).

 

Francisco: Uma vocação laical

Sempre costumo dizer que, primeiramente, a inspiração e vocação de Francisco de Assis é laical. É natural que seja assim, pois nascemos leigos e leigas e, somente depois, é que alguns são chamados a doar sua vida pelo Reino de forma ainda mais radical. O que quero dizer com isso é que, antes que a fraternidade de Francisco recebesse a aprovação da Igreja, sua experiência de vida foi composta de traços da vida laical, da forma como concebemos hoje – sem querer cometer anacronismo -, pois sua inserção no mundo e experiência de fé vocacional estavam longe daquilo que era posto como vida religiosa e consagrada em seu tempo. Sua experiência como penitente laico, sob proteção e observação clerical, é que alcança amadurecimento, tal que o leva a uma forma de vida que com o tempo vai assumindo os moldes clericais e de vida consagrada.

Não é por acaso que essa inspiração chamou a atenção de pessoas casadas que desejosas de experimentar esse novo jeito de seguir ao Cristo, quiseram deixar tudo para abraçar esse modo de vida. Francisco de Assis, inspirado pelo Espírito Santo, percebeu que eles e elas podiam, em seu estado secular, também adentrar à radicalidade da vida evangélica. Nascia dessa forma e, 1221 a Ordem dos Irmãos e Irmãs da Penitência (reconhecida assim pelo Papa Honório III), posteriormente chamada de Ordem Terceira de São Francisco (1230, pelo Papa Gregório IX) e bem mais adiante, Ordem Franciscana Secular (1978, pelo Papa Paulo VI), como é conhecida nos dias de hoje, após seus 800 anos de fundação.

Visita das relíquias de São Francisco/ Foto: OFS Regional Norte 3 – Pará Oeste (2019) –

Nosso claustro é o mundo

Nossa regra e vida tem seu local de realização plena: o mundo. Ser um bom cristão-franciscano, que é até meio redundante, porque ser um bom franciscano implica ser um bom cristão – se bem que há não-cristãos mais cristãos que muitos cristãos e mais franciscanos que muitos franciscanos -. Nossa regra e vida traz como espaço de realização vocacional o local de trabalho, a família e todos os espaços por onde transitamos e relações que construímos. Este é um privilégio vocacional para nós. Nós não só podemos como devemos, por vocação e inspiração, ser testemunhas do amor do Cristo em todos os lugares e espaços, sejam políticos, sociais, religiosos, econômicos, culturais, acadêmicos, etc. Por vocação devemos estar e somos para o mundo. Embora seja muito comum, hoje em dia, ver religiosos e religiosas assumindo esses papéis.

Cristãos simples mais comprometidos como Luquésio (1260) e Buonadonna; reis e rainhas como Luis de França (1270) e Isabel da Hungria (1231) e; jovens como Rosa de Viterbo (1258) são exemplos do passado e de que a pregação de Francisco até hoje contagia a todos do castelo. Zilda Arns e Chiara Lubich são outros exemplos mais próximos nós, de uma experiência que passou pela forma de vida franciscana secular.

Fotos: Acervo FOQS (Projeto Omulu-Terra de Quilombo), 2020

Experiência essa que não se consolidou apenas em solteirões e solteironas ou pessoas casadas, mas que floresceu no jardim de uma juventude que também é franciscana. A Juventude Franciscana (JUFRA) é uma das mais belas experiências juvenis da Igreja, assim como cativou Rosa de Viterbo, jovens de hoje são enamorados pelo convite que Francisco e Clara de Assis fazem a cada um e cada uma a entregarem-se por amor ao Cristo. No Brasil a JUFRA, este ano, completa seus 50 anos de testemunho de vida cristã e franciscana.

Atualmente, OFS e JUFRA continuam florindo por todo o mundo.  A pregação e amor de Francisco e Clara de Assis reverberam em nosso tempo. A vida em fraternidade e o cuidado mútuo tem sido o legado deixado por eles a cada um e cada uma nós. Que o Senhor nos ajude a cumprir e dar seguimento a essa herança espiritual e forma de vida evangélica. Paz e bem!

 

Aldo Luciano Corrêa de Lima

Antropólogo; Coordenador da Formação – OFS Regional Norte 3 – Pará Oeste.

 

Referências:

SÃO FRANCISCO DE ASSIS. Escritos e biografias de São Francisco de Assis – Crônicas e outros testemunhos do primeiro século franciscano. 9ª Edição; Editora Vozes, FFB; Petrópolis, 2000.

ORDEM FRANCISCANA SECULAR.  Tempo de Formação para a Vida Franciscana Secular. 1ª Edição; Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), 2005.

___.Regra.  4ª Edição; Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), 2007.

___. Livro de Formação para Iniciandos e Iniciandas à Vida Franciscana Secular. 3ª Edição; Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), 2011.