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Chamados e consagrados: Uma partilha de Frei Diogo Henrique sobre a renovação dos votos e a conclusão de mais um ano letivo

Foto: Fraternidade São Boaventura, Manaus – AM

 

“Recomecemos, irmãos, pois até agora 

pouco ou nada fizemos”.

Chegamos ao fim de mais um ano letivo e acabamos de renovar mais uma vez, nossos votos evangélicos. Penso que agora é um tempo de graça que o Senhor nos proporciona para uma revisão da nossa vida e caminhada vocacional. Como os passos catequéticos, faz-se necessário olhar para trás e recordar este processo.

Nós, Frades Menores de votos temporários, precisamos escrever uma carta ao Ministro Custodial, pedindo para que nossos votos sejam renovados. A carta normalmente é iniciada assim: “Tendo experienciado por um ano os votos religiosos, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade, junto a Fraternidade São Boaventura, na cidade de Manaus (AM), amadurecendo e discernindo profundamente a vocação franciscana a que fomos chamados…” Desse modo, nós somos levados a entender que toda a caminhada vocacional realizada neste ano que está findando, com vivas alegrias e também fadigas; risos e lágrimas, nos impulsionaram até este momento em que reafirmamos nosso pedido. Fazemos o pedido porque temos a certeza de podermos corresponder ao chamado de Deus.

Durante o processo formativo, e não diferentemente deste ano que finda, muitos são os fatores que nos lapidam, tanto a nível pessoal quanto comunitário. A nível pessoal somos desafiados a superar o nosso próprio ser frente aos desafios, da vida religiosa, as demandas da vida acadêmica e até mesmo aquilo que trazemos de nossas famílias. A nível comunitário, os desafios também estão presentes. Mas, para cada desafio, uma oportunidade de aprendizado!

Foto: Fraternidade São Boaventura, Manaus – AM

Durante este ano, nossa fraternidade nos proporcionou uma vivência real do serviço de Deus aos irmãos. Esta vivência começa em nossa fraternidade e se estende até a paróquia a que servimos.  É importante dizer que, a presença e o suporte dos nossos confrades de votos solenes que residem conosco (Frei Amauri, Frei Messias e Frei John) são primordiais e providências no discernimento da nossa vida. Este mesmo suporte dado pelos confrades mais experientes, também é encontrado entre nós, que estamos na formação inicial. Encontramos suporte naqueles que ficam e naqueles que vão, como aconteceu com nosso irmão de caminhada, Walter Neto, que hoje trilha um novo caminho. A alegria destes confrades é a nossa alegria.   

Este ano foi marcado por outras experiências vividas fora da fraternidade São Boaventura. Nossa missão realizada junto a Paróquia Santo Antônio (Manaus-AM) e a visita à Missão São Francisco do Rio Cururu (em julho), nos apresentaram as exigências de uma evangelização comprometida em terras amazônicas. São missões que nós abraçamos com muito amor e dedicação. A graça do reencontro e o reavivamento vocacional experienciado durante o Capítulo Custodial 2022, também foi outro momento da ação de Deus em nossa vida. Talvez não estamos mais atentos a isso, mas, os momentos de oração, convívio, trabalho e partilhas, são muito especiais e valorosos para nós.

Chegado o fim de mais um ano (o primeiro para Frei Jailson e segundo para Frei Gean e para mim, Frei Diogo), o Senhor nos possibilitou aprofundarmos os votos evangélicos, tendo como base de reflexão a obra “Teologia dos Votos” (Pe. Lourenço Kearns, dividida em três volumes), em dois dias de retiro que contou com reflexões, partilhas e um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, na Fraternidade São Boaventura, acompanhados pelo mestre de formação, Frei John Araújo. 

Por graça de Deus renovamos nossos votos junto a Custódia São Benedito da Amazônia, na pessoa do Frei Edilson Rocha (Ministro Custodial), que acolheu paternalmente nossos pedidos, representado por Frei John, que presidiu a celebração eucarística da Solenidade da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, Matrona da Ordem e Padroeira da Arquidiocese de Manaus, que teve início às 07h, na Paróquia de Santo Antônio, concelebrada pelo Pároco Frei João Messias, junto a amigos e demais paroquianos. Encerrando com um almoço festivo em nossa fraternidade.

Novamente somos chamados à missão e ao discernimento, reafirmando nosso propósito de viver por mais um ano esta graça santificadora, que se faz possível pela ajuda mútua dos irmãos e confrades. Eles que pelo testemunho assumido e pelas dedicadas orações, ajudam a conduzir-nos ao amor e a doação de nossa vida, confiantes de que é o Senhor que nos conduz a todos. Contem conosco.

Fraternalmente,

Frei Diogo Henrique da Silva Siqueira Oliveira, OFM.

 

Veja algumas fotos da Celebração de Renovação e Votos

 



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Festividade de Santo Antônio 2022 em Manaus

Foto: Arquidiocese de Manaus

Decorridos aproximadamente, três anos desde que se iniciou a pandemia da COVID-19, finalmente voltamos a comemorar e celebrar com grande júbilo, a Festividade do glorioso Santo Antônio, junto ao povo de Deus em nossas comunidades da Paróquia. O tema da festividade neste ano é “Santo Antônio: Educador na fé, pregador do Evangelho” e o lema “Como Santo Antônio: falar com sabedoria, ensinar com amor”. Para nós, celebrar em comunidade a festividade do nosso padroeiro é motivo de grande alegria.

Mas o que falar deste santo homem?

A Santo Antônio são atribuídos diversos títulos, entre eles pregador do Evangelho, martelo dos hereges, doutor da Ordem dos menores, santo casamenteiro ou das coisas perdidas, de Lisboa (cidade onde nasceu) ou de Pádua (cidade na qual faleceu) e vários outros. Segundo relatos das Fontes Franciscanas, São Francisco de Assis escreveu uma carta a Antônio pedindo para que este ensinasse a Sagrada Teologia aos irmãos (Ant 2). Não obstante, a ele também é atribuída a canonização mais rápida de toda a história da Igreja Católica, até o referido momento, tendo falecido no dia 13 de junho de 1231 foi canonizado no dia 30 de maio de 1232, pelo então Papa Gregório IX. Assim, o seu nome foi inscrito no cânon dos santos apenas onze meses após a sua morte. Isso se deve aos milhares de milagres e a popularidade que o santo alcançou. Desse modo, ainda hoje, muitos fiéis recorrem ao santo, de maneira especial em seu trezenário, com o intuito de pedir sua intercessão diante de Deus e obter graças em suas vidas.

O Trezenário de Santo Antônio em nossa paróquia, iniciou oficialmente na noite da última quarta-feira (01). No entanto, desde o dia 23 de maio começaram as peregrinações com a imagem do padroeiro pelas nossas comunidades: São Pedro, São Felipe, Sagrado Coração de Jesus, Santa Clara, findando com a comunidade de Sagrada Família de onde saiu a carreata no dia vinte e nove (29) de maio pelas ruas do bairro em direção a Matriz.

Confira a programação da Festividade do glorioso Santo Antônio:

PROGRAMAÇÃO RELIGIOSA:

– Do dia 01 a 13 de junho – Trezenário de Santo Antônio:

Haverá missas as 19:00 h, seguidas de trezena.

– Dia 05 (Domingo de Pentecostes): 

Haverá missa as 06:30 h da manhã.

– Domingo 12 (Dia dos Namorados):

Haverá missa as 06:30 h da manhã e as 19:00 h da noite, com bênção especial para os namorados.

– Dia 13 – Alvorada:

As 06:00 h da manhã;

Missa com trezena: 06:30 h e as 11:00h.

Procissão com a imagem de Santo Antônio:

Haverá procissão pelas ruas do bairro as 17:00 h, na chegada haverá missa de conclusão da Festividade de Santo Antônio 2022.

PROGRAMAÇÃO SOCIAL:

– Dia 29 de Maio: 

Haverá a carreata de Santo Antônio com o anúncio do início das festividades, as 17;00 h saindo da Comunidade Sagrada Família.

– Do dia 01 a 09 – Barraca do Toinho:

Após as celebrações, haverá a venda de comidas típicas na barraca do Toinho com apresentações de artistas locais.

– Dia 10 – Arraial das comunidades;

– Dias 11, 12 e 13 – Arraial de St. Antônio:

Haverá sorteio de prêmios e apresentações juninas.

                                                         

Frei Walter Mendes de Almeida Neto, OFM

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Frades em Manaus celebram as festividades de São Francisco

 

Peregrinação da Imagem de São Francisco. Foto: PASCOM Santo Antônio.

 

A Fraternidade São Boaventura e a Paróquia de Santo Antônio (Manaus-AM), realizaram a festividade de nosso Pai Seráfico, São Francisco de Assis, que neste ano trouxe o tema: “Com São Francisco, renovemos nossa visão, abracemos nosso futuro”, fazendo ressonância ao Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores realizado este ano. Vários grupos e pastorais se envolveram neste projeto, idealizado no Capítulo da Fraternidade do mês de setembro e acordado junto ao CPP da Paróquia de Santo Antônio. 

Peregrinação de São Francisco 

A programação, que iniciou no dia 1º de outubro com a Celebração Eucaristica às 19h, contou com o envio dos missionários de cada comunidade, que neste mês realizarão visitas pelo bairro. No sábado (2), aconteceu a peregrinação da imagem de São Francisco pelas comunidades que, apesar da chuva, começou na Igreja de Santo Antônio, às 15h, seguindo em carro aberto para a Comunidade da Sagrada Família, Santa Clara, Sagrado Coração de Jesus, São Pedro e encerrando na comunidade de São Filipe com a Santa Missa, presidida por Frei Messias às 19h.

 

Bênção dos Animais. Foto: PASCOM Santo Antônio

 

Domingo Franciscano (Missa, Bênção dos animais, Feira Vocacional e Transitus)

O domingo começou com a Missa às 7h, seguida da especial bênção dos animais realizada pelos frades. A tarde, a concentração foi às 16h na quadra da paróquia para a Feira Vocacional, que neste ano contou com a presença das Irmãs Filhas de Sant’Ana, Redentoristas, Salesianos de Dom Bosco, Frades Menores Capuchinhos, Juventude Franciscana (JUFRA), Ordem Franciscana Secular (OFS), Pastoral da Juventude (PJ), além do estande dos Frades Menores. A feira vocacional contou ainda com a participação de grupos de música da Paróquia que animaram o evento, equipe especial de ornamentação e limpeza e, a venda de alimentos fornecidos por cada comunidade. A noite começou com a encenação do transitus de São Francisco, promovido pelos jovens da paróquia, às 19h, seguida da Santa Missa presidida pelo Pároco, Frei Messias, OFM, e concelebrada por Frei Francisco, OFMCap.  

Frades em momentos celebrativos. Foto: PASCOM Santo Antônio.

 

A solenidade de São Francisco

Na segunda-feira (4), foi realizada a Celebração Eucarística na solenidade de nosso Pai Seráfico às 7h, direto da capela da Fraternidade São Boaventura e transmitida pelo Facebook da Paróquia de Santo Antônio. 

Frei João Messias, durante a homilía, enalteceu São Francisco dizendo que “olhar para São Francisco é entender a loucura do Evangelho. Francisco de Assis é um ícone que nos coloca em outra perspectiva, nadando contra a corrente. Em nossos dias o Papa Francisco a partir do exemplo do Santo tem  evidenciado o ‘ser pessoa’ na humildade. A pequenez é para Francisco um ato de  identificar-se com Cristo que se despojou. E este ‘ser pessoa’ se une a atenção para com os outros. A imagem do Bom Samaritano é retomada em Francisco de Assis que abraçou os sofredores do seu tempo. O Santo de Assis, soube parar, despojando-se de projetos pessoais e de temores, parar no caminho da vida e doar-se ao outro ferido às margens”. Concluindo as suas palavras Frei Messias exortou os ouvintes a uma vivência dos valores evangélicos,  inspirados na coragem e alegria para anunciar o amor de Deus que teve Francisco, o santo que desejou acima de tudo o Santo Espírito do Senhor e seu modo de operar.

A “Live Festiva” , que estava programada para quela noite, não pôde ser realizada devido ao apagão em algumas redes sociais (incluindo a página do facebook), o que deverá ser remarcada para o final deste mês. OS recursos de toda a venda de alimentos e a rifa (que será vendida até o fim de outubro) será destinada à formação dos frades estudantes de Manaus-AM.

Assim, as atividades desempenhadas pelos Frades Menores e Comunitários de Santo Antônio, marcaram os festejos de São Francisco de Assis na cidade de Manaus. Agradecidos ao Senhor Deus, desejamos a todos copiosas bênçãos e graças do céu.

Paz e Bem!

Frei Diogo Henrique da Silva Siqueira Oliveira, OFM

Frade Menor e Acadêmico de Filosofia (FSDB)

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Manaus: Grito dos Excluídos e Excluídas, “Vida em primeiro lugar”

Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner na coletiva de Imprensa, apresentação do Grito em Manaus – Foto: Vatican News/ Arquidiocese de Manaus.

No dia 7 de setembro, dia em que o Brasil comemora sua independência, realiza-se também o Grito dos Excluídos e Excluídas, que tem como tema “Vida em primeiro lugar”, um tema que tem acompanhado o Grito desde sua primeira edição em 1995.

Em 2021, na sua 27ª edição, o Grito dos Excluídos e das Excluídas tem como lema: “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”. Em Manaus, o Grito está sendo organizado pelas Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus e a Caritas Arquidiocesana de Manaus. Nesta quinta-feira 2 de setembro, o Grito foi apresentado em coletiva de imprensa, com a presença da mídia local.

“Nos últimos anos, temos visto a importância de termos dentro da nossa sociedade uma manifestação para que as pessoas excluídas tenham de novo vez”, afirmou dom Leonardo Steiner na apresentação do Grito dos Excluídos e Excluídas. Segundo o arcebispo de Manaus ao falarmos de excluídos, estamos pensando em exclusão da educação, do emprego, lembrando que o Brasil está hoje com 14 milhões de desempregados, junto com aqueles que tem um emprego informal, algo muito presente em Manaus, onde é grande o número de pessoas vendendo água ou café na rua.

Coletiva de Imprensa, apresentação do Grito em Manaus – Foto: Vatican News/ Arquidiocese de Manaus.

 

Dom Leonardo também se referiu à exclusão da democracia, exclusão política, o que demanda “uma participação maior da sociedade nas decisões políticas”. Nesse ponto criticou as decisões do Congresso Nacional, “que não pensa no povo”, demandando a necessidade de voltarmos a discutir política. O arcebispo falou dos excluídos economicamente, algo que vai além do desemprego, denunciando que “com a venda das estatais vamos percebendo cada vez mais o quanto nós estamos sendo delapidados”, afirmando que “as estatais existem para as políticas públicas”.

O arcebispo colocou entre os excluídos “os nossos irmãos indígenas”, criticando como está se acabando com sua cultura, além de suas terras, e afirmando que “estão sendo excluídos desde o início do que se chama Brasil”. Junto com os indígenas, dom Leonardo Steiner falou de outros grupos excluídos, como os ribeirinhos, os quilombolas, as pessoas que não tem vez dentro da nossa sociedade, relatando que está crescendo o número de pessoas que vivem na rua. Ele lembrou as palavras de Madre Teresa de Calcutá, que falava deles como “aqueles que o Estado e a sociedade não querem”.

Lembrando as palavras da Laudato si´ e da Querida Amazónia, dom Leonardo definiu a devastação da Amazônia como outra forma de exclusão. De fato, “a destruição da natureza faz com que tenhamos cada vez mais excluídos”, segundo o arcebispo. Outras questões que mostram a exclusão são a falta de saneamento básico, de acesso à cultura, de falta de saúde, denunciando o desmonte do SUS, da falta de acesso à educação, apontando a tentativa do governo brasileiro de excluir do sistema educativo a pessoas com deficiências. Também lembrou a exclusão que acontece em torno à moradia, uma realidade muito presente em Manaus.

Tudo isso mostra a necessidade de um Grito, de fazer ecoar a necessidade do cuidado com a vida na sua totalidade, segundo o arcebispo de Manaus. Lembrando os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazónia, dom Leonardo Steiner vê isso como “um grito para que a nossa humanidade acorde e possa viver uma vida mais digna, mais justa, mais fraterna, mais irmã”.

 

Coletiva de Imprensa, apresentação do Grito em Manaus – Foto: Vatican News/ Arquidiocese de Manaus.

 

Em representação dos povos indígenas, Marcivana Sateré denunciou “os projetos de morte que afetam os povos indígenas”, o que provoca um genocídio dos povos e um ecocídio do Planeta, segundo a liderança indígena. Ela lembrou a luta dos povos indígenas em Brasília contra o Marco Temporal, “um projeto de morte que fere a democracia e a Constituição”. Trata-se de uma luta pela vida das gerações futuras, denunciando que a Amazônia não suporta mais tanto projeto predatório. Não podemos esquecer a importância do território na vida dos povos originários, o que levou a liderança indígenas a dizer que “nunca teremos vida em abundância enquanto nossos territórios forem atacados”.

Ao Grito dos Excluídos e Excluídas tem se somado alguns movimentos sociais, como União Nacional dos Estudantes. Sua vice-presidente no Amazonas, Rayane Garcia, destacou a importância do Grito dos Excluídos como um dia que pertence ao povo brasileiro, a todos os que lutam por democracia. A jovem denunciou a realidade social vivida no Brasil, o aumento do desemprego e do preço da cesta básica, algo que atinge os jovens e os mais pobres.

O programa do Grito dos Excluídos e Excluídas foi apresentado pelo padre Alcimar Araujo, vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, que vai se realizar na parte da tarde do dia 7 de setembro. O padre também apresentou a missa pela Amazônia, que será celebrada no dia 5, Dia da Amazônia, presidida pelo arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner.

Segundo o vice-presidente da Caritas, a Amazônia está sendo vilipendiada, sendo objeto de exploração. Diante disso, a missa do próximo domingo quer ser um momento de resistência, diante de uma realidade que provoca indignação. Segundo ele, existem poucos motivos de esperança diante da realidade social que o Brasil vive hoje, o que torna urgente uma sociedade organizada como modo de reverter a realidade atual. Não podemos esquecer, insistiu o padre Alcimar, que no Brasil, todas as conquistas foram fruto da luta organizada.

 

Coletiva de Imprensa, apresentação do Grito em Manaus – Foto: Vatican News/ Arquidiocese de Manaus.

 

Dom Leonardo Steiner insistiu em que “é muito importante nos movimentarmos em busca de um Brasil melhor, em busca de um Brasil justo, em busca de um Brasil onde todos e todas possam se sentir à vontade”. O arcebispo insistiu em “termos uma sociedade mais equânime, mais equilibrada, mais fraterna, mais justa”, denunciando a difícil situação que vive o país em relação ao emprego, aos povos indígenas, ao meio ambiente. O objetivo é ajudar a sociedade a perceber que “nós, todos juntos, podemos oferecer uma outra situação ao Brasil”, enfatizando que “sem a participação da sociedade, as coisas não mudarão”.

Pe. Luis Miguel Modino

Publicado por Vatican News

Imagens da presença franciscana em Manaus (AM) - Fonte: Arquivo Custodial

“Fazendo da Vida Missão”: A presença dos Frades Menores em Manaus

Por onde começamos a história?

Geralmente não se faz história “dos fatos recentes”, antes se espera o voo da coruja de Minerva e o sentar da poeira nos móveis para que se possa escrever. No entanto, advertimos que o presente texto é um resumo do que poderíamos nomear “historiografia das coisas atuais”. Trata-se de uma crônica da vida e missão dos frades em Manaus, com pinceladas, em tons fortes, de alguns dados e elementos significativos da presença franciscana (A Ordem dos Frades Menores) no estado do Amazonas. Nesse ponto, fatos entre 2020 e 2021 iluminam o “flashback” da atuação missionária dos frades menores no maior estado do Brasil. Ademais, o título que se deu evoca uma canção que é um hino missionário muito conhecido do autor e compositor Manoel Nerys.

A Custódia São Benedito da Amazônia, uma instituição ligada a Ordem dos Frades Menores (OFM), fundada em 10 de maio 1990 como entidade autônoma, está presente nos estados do Pará, do Amazonas e em Roraima. Na Amazônia não se põe os pés em terreno plano ou único, mas em um poliedro com vasta área territorial, inúmeras culturas e diversidades regionais. Esta pluralidade segue propiciando diversas formas de evangelização e missão.

Ressalta-se que, antes do estabelecimento dos Frades da Custódia São Benedito em Manaus, registra-se uma breve, mas significativa, presença de frades menores holandeses em 1899 (Eram eles: Frei Adalberto Woolderink, Frei Gonzaga Governeur e Frei Oto Vervoort), que logo depois mudaram-se para Niterói (RJ). Esses três primeiros, foram os pioneiros daquela que viria a ser a “Província Santa Cruz” (PSC). O Amazonas também tem uma longa presença missionária franciscana de outros grupos e ordens (OFMCap, OFMConv, TOR).

Imagens da presença franciscana em Manaus (AM) / Fonte: Arquivo custodial

No território amazonense, mais precisamente na capital Manaus, os frades menores estão presentes desde os anos finais da década de 1990. A história dessa presença recente, se confunde com o percurso da instalação de um lugar para formação filosófica dos frades nas fases iniciais. A fraternidade São Boaventura, tem sua localização atual (visto que antes estiveram outros pontos da cidade de Manaus) no bairro Santo Antônio. É sobre o patrocínio do ilustre pensador franciscano, que a fraternidade acolhe os frades de votos temporários para os estudos filosóficos, que são feitos atualmente na Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB), com campus na Zona Leste da cidade. Em outros tempos, chegaram a existir duas fraternidades na cidade de Manaus, onde uma era mais situada na Área Missionária Santa Catarina de Sena (AMSCS) e outra, a “casa de formação”. Além dos frades professos temporários, os frades da fraternidade permanente têm atuação em Paróquias e em serviços da Custódia.

Presentes desde 1998, os frades sempre atuaram e assumiram compromissos pastorais com a Igreja local. São diversas as atividades realizadas: administração de áreas pastorais, formação, assistências a projetos sociais e até a atuação de frades que serviram como professores nos Institutos Teológicos. Atualmente, a fraternidade conta com três frades solenes e quatro frades de profissão temporária, que prestam serviço a Paróquia Santo Antônio recentemente assumida (começo de 2020) pela Custódia. A paróquia é composta por comunidades ribeirinhas, comunidades indígenas e as comunidades urbanas.

Missão Franciscana em Manaus

A missão franciscana tem seu passo e característica fundamental na fraternidade, pois, enquanto seguidores de São Francisco, “vivendo nas fraternidades locais, desejam servir as comunidades cristãs e querem amparar essas mesmas […], no mundo que lhes é próprio, em sua missão apostólica.” (FFB, 2001). Sendo a fraternidade o primeiro anúncio de evangelização, os frades sempre buscaram atender as necessidades que clamam na realidade local, e isto não é diferente no território amazonense. Os frades estão presente no meio do povo, participando de pastorais e envolvidos nos projetos da Igreja. Nesses serviços o frade é chamado a ser um instrumento de diálogo que “é fonte e caminho de paz”, e que “implica numa saída de si e entrada no mundo do outro.” (CASBA, 2009, p. 11).

Neste contexto, os frades de profissão temporária mediante aos estudos filosóficos, são instruídos a assumir “progressivamente a responsabilidade de sua missão eclesial e social, em sintonia com o carisma franciscano, com os próprios dons e aspirações e com as necessidades do povo de Deus.” (OFM, 2003, p. 68). Com isso, os frades, em plena comunhão entre estudo e missão, buscam formar um “espírito missionário, a fim de se preparar para a missão evangelizadora na Amazônia e no mundo.” (CASBA, 2009, p. 28). Uma forma ideal de atender as necessidades que o contexto socio-eclesial apresenta.

Fotos de atividades dos frades em Manaus / Fonte: Arquivo da Fraternidade São Boaventura

Por conta do surto de Covid-19, desde o início do ano passado (2020), ficaram “parados” os projetos, as pastorais e quase todas as atividades. Mesmo assim, abriram-se outros meios e portas (recordamos as portas fechadas relatadas nos evangelhos) para anunciar a Palavra de Deus neste período configurado como “catastrófico” e pandêmico. Por meio do uso das mídias sociais tornaram-se possíveis as transmissões das missas; partilha bíblicas através da Leitura Orante, encontros vocacionais e reuniões. Agora, com o avanço da vacinação e a diminuição de contaminação e mortes pelo coronavírus, estão sendo retomadas, observando os critérios e protocolos de prevenção, as pastorais, as missas com participação do povo e os projetos. Em tudo isso vê-se que a missão é um gesto de amor e preocupação com a vida de todos. Na fraternidade interagem o campo da missão e da formação e unem-se num só movimento vida pastoral e fraterna.

A missão franciscana perpassa primeiramente pela fraternidade, e daí caminha e se encontra com toda sociedade, pois como frades, somos chamados a ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 13-16), peregrinos e estrangeiros. Somos chamados a encarnar nas culturas dos povos da Amazônia, a abraçar os desafios da Igreja ministerial, abertos aos novos meios de evangelização, e assim sermos “fraternidades hospitaleiras e abertas a receber e acolher todas as pessoas” (CASBA, 2008, p. 13). “Fazer da vida, missão” é um convite franciscano, para que se possa amar fraternalmente e anunciar a força libertadora de Deus na nossa existência. Viver em Manaus, nestes tempos, tem sido notadamente um dos mais desafiadores, mas cremos que a presença dos frades menores tem sido fiel ao carisma e a caminhada.

 

Frei Márcio Lima, OFM

Acadêmico de Filosofia da Faculdade Salesiana Dom Bosco

 

Referências:

CUSTÓDIA SÃO BENEDITO DA AMAZÔNIA. Estatutos particulares. Santarém: [s.n.], 2008. pp 11-13.

FAMILÍA FRANCISCANA DO BRASIL. A comunidade como portadora do anúncio. In:______. A missão franciscana e o anúncio da palavra. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 08.

ORDEM DOS FRADES MENORES (Roma). Ratio formationis franciscanae. Roma: Ingegno grafico, 2003. 68p.

PROVÍNCIA FRANCISCANA SANTA CRUZ. Histórico. Disponível em:<https://www.ofm.org.br/ apresentacao/historico>. Acesso em 19.ago.2021.