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Cristo vive! somos suas testemunhas: o mês vocacional 2022

A cada ano a Igreja no Brasil celebra o mês de agosto como o mês vocacional. São trinta dias dedicados às diversas vocações, onde as comunidades refletem sobre os chamados específicos. Especialmente em cada domingo é dando destaque para cada um tipo de vocação. Para esse ano de 2022 o tema escolhido é Cristo vive! Somos suas testemunhas, tendo como lema “Eu vi o Senhor!” (Jo 20, 18). Diante disso, propomos nos deteremos um pouco sobre cada vocação celebrada à luz da temática do mês.

Foto: Arquivo Custodial

Vocação ao ministério ordenado

No primeiro domingo de agosto, comemora-se a vocação ordenada .O presbítero (termo grego que significa “ancião”) age em nome de Cristo Cabeça e é seu representante dentro da comunidade. Ao padre compete ser pastor e pai espiritual para todos sob sua responsabilidade. Pela caridade pastoral, ele deve buscar ser sinal de unidade e contribuir para a edificação e crescimento da comunidade de forma que ela torne-se cada vez mais atuante e verdadeira na vivência do Evangelho.

Atualmente também se comemora o dia das vocações diaconais e episcopais (que são graus do sacramento da Ordem), assim, podemos definir melhor esse dia como sendo o dia das vocações ordenadas  ou, dia das vocações aos ministérios ordenados. Essa comemoração se deve ao fato de que no dia 4 de agosto celebramos a memória de  São João Maria Vianney, o Cura D’Ars, patrono dos padres e párocos; e, no dia 10 de agosto, São Lourenço, o patrono dos diáconos.

Foto: Arquivo Pessoal/Frei Edilson Rocha, OFM

Vocação matrimonial

No segundo domingo, comemora-se a vocação matrimonial. Assim como  no segundo domingo de maio – no qual é comemorado o Dia das Mães – temos neste mês o Dia dos Pais. Sabemos que no Brasil esse dia é comemorado porque antigamente no dia 16 de agosto celebrava-se o dia de São Joaquim, pai de Nossa Senhora e, por isso, adotou-se esse dia e depois o domingo para essa comemoração. Devido a esse fato, nesta data é comemorada a vocação matrimonial.

Foto: Frei Edilson Rocha, OFM

Vocação à Vida Consagrada

No terceiro domingo comemora-se a vocação à vida consagrada.Essa recordação é feita porque no dia 15 de agosto celebramos o dia da Assunção de Maria aos céus, solenidade que aqui no Brasil é transferida para o domingo seguinte.

Homens e mulheres que consagraram suas vidas a Deus e ao próximo. Desta vocação brotam carismas e atuações que enriquecem nossas comunidades com pessoas que buscam viver verdadeiramente seus votos de castidade, obediência e pobreza. São testemunhos vivos do Evangelho.

Perseverantes, os religiosos estão a serviço do Povo de Deus por meio da oração, das missões, da educação e das obras de caridade. Com sua vida consagrada, eles demonstram que a vida evangélica é plenamente possível de ser vivida, mesmo em mundo excessivamente material e consumista. São sinais do amor de Deus e da entrega que o homem é capaz de fazer ao Senhor.

Vocação Laical

No quarto domingo, comemoram-se as vocações leigas. Ser leigo atuante é ter consciência do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja e do Reino contribuindo para a caminhada e o crescimento das comunidades rumo à Pátria  Celeste. Assumir esta vocação é doar-se pelo Evangelho e estar junto a Cristo em sua missão de salvação e redenção.

Foto: Pascom Paróquia de Sant´Ana

Neste dia celebramos todos os leigos que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários. Os leigos atuam como colaboradores dos padres na catequese, na liturgia,  no canto litúrgico, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes.

Nos anos em que o mês de agosto possui cinco domingos, a Igreja celebra neste dia o ministério do Catequista. Os catequistas são, por vocação e missão, os grandes promotores  da fé na comunidade cristã preparando crianças, jovens e adultos não só para os sacramentos, mas também para darem testemunho de Cristo e do Evangelho no mundo.

Sabrina Gonçalves 

Fontes: CNBB/Canção Nova

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Frei Marcos Bezerra partilha atividades realizadas no Mês Vocacional 2021

Fotos: Frei Marcos Bezerra/ Pascom São Francisco – Monte Alegre (PA)

A articulação do mês vocacional 2021

O Mês Vocacional é sempre uma oportunidade de rezar, refletir e atuar, mais intensamente, em prol da promoção das diversas vocações. Todas as comunidades podem e devem atuar em vista da animação desta dimensão fundamental na vida cristã, que é a escuta do chamado de Deus. Nas Paróquias e fraternidades onde os frades atuam sempre existe um irmão designado para dinamizar o cuidado vocacional, porém, este frade não faz seu trabalho só, mas, busca em comunhão com demais agentes pastorais planejar e agir para despertar nos jovens aquele “start” da vocação que Deus já semeou no coração das pessoas.

O mês vocacional deste ano de 2021, teve como tema: “Cristo nos salva e nos envia”. Para a CPV, equipe de Cuidado Pastoral das Vocações, este mês foi um espaço para impulsionar mais ainda este serviço custodial. A CPV procurou propor e concretizar algumas atividades dentro da dinâmica própria do mês que, em cada semana se debruça sobre um tipo de vocação específica.

Com auxílio de alguns frades, além dos animadores vocacionais, Frei Marcos Bezerra, animador Custodial de CPV, articulou a produção de vídeos e o uso das redes sociais. A primeira atividade do mês, envolvendo toda a Custódia, foi denominada “Raízes Vocacionais”. Esta atividade proporcionou, por meio de vídeos, veiculados todas as terças e sextas-feiras, conhecer um pouco do chamado vocacional de cada frade. No âmbito mais específico da Paróquia de São Francisco em Monte Alegre (PA), onde reside Frei Marcos, foram feitos algumas atividades com jovens de forma presencial das quais se destacam as Celebrações litúrgicas e as “Tendas Vocacionais.” (Vale ressaltar que estas atividades presenciais respeitaram todos os protocolos exigidos pelas autoridades sanitárias). Outras duas atividades já estão plenejadas. Uma live vocacional que acontecerá dia 05 de setembro, pela página do Facebook da Custódia e quatro encontros vocacionais a serem realizados de Setembro a Dezembro, de forma virtual, com os vocacionados à vida Franciscana.

Fotos: Frei Marcos Bezerra/ Pascom São Francisco – Monte Alegre (PA)

 

As Tendas Vocacionais Franciscanas

A proposta de realizar, a atividade nomeada “Tendas Vocacionais” surgiu em uma conversa entre as Irmãs Franciscanas Angelinas (Marlene, Vera, Denise), Frei Marcos Bezerra (CPV Custodial) e os a gentes de Pastorais da Paróquia São Francisco em Monte Alegre – PA, José Costa e Sofia Lima.

A primeira conversa sobre o encontro deu-se a partir da reunião realizada dia 18 de maio com os evangelizadores(as) da Região 10 de Pastoral no CEFIT – Centro de Formação Itauajurí (Monte Alegre – PA). Segundo Frei Marcos relata, “Irmã Marlene tinha material e nos apaixonamos pela ideia e mais ainda os jovens que participaram desde momento forte”.

Ainda sobre a preparação do encontro o frade responsável pela animação vocacional afirma que: “A curiosidade foi tomando conta de todos! Os jovens se perguntavam: afinal, como é essa tenda? No entanto, somente a equipe organizadora e nossos colaboradores da ornamentação (Paulo, Sofia, Igor, Manoel e Douglas) sabiam como se daria a dinâmica.

Uma preocupação constante no encontro foi quanto aos protocolos sanitários diante da pandemia. Para assegurar que os participantes pudessem se encontrar sem risco de contágio, o uso de máscara foi exigido e o distanciamento respeitado. Além disso, as atividades se deram em um local arejado e bem aberto. O grupo total dos participantes se dividiu em grupos menores para evitar aglomeração. Cada um dos grupos foi planejado para conter no máximo 20 pessoas por tenda. Material de higiene e limpeza das mãos foi disponibilizado durante todo o encontro.

As Tendas Vocacionais aconteceram em duas edições; uma no dia 21 e outra no dia 29 de agosto. A primeira edição contou com um número de 70 jovens (quantidade reduzida frente ao que comporta o ambiente em virtude da Pandemia) que se reuniram no Centro de Formação da Paróquia (CEFIT) para a realização da atividade. A segunda edição foi realizada na Vila Nova, Área Pastoral Santa Clara e também contou com aproximadamente 70 jovens.

Fotos: Frei Marcos Bezerra/ Pascom São Francisco – Monte Alegre (PA)

As Tendas se tornaram espaços de reflexão, conversas e dinâmicas. As temáticas dos espaços foram: Sentido da Vida, Vocação Consagrada, Vocação a Vida Cristã e a Tenda do Santíssimo (Com Adoração Eucarística). Nelas os jovens, distribuídos em grupos conforme o planejado previamente, puderam escutar pequenas partilhas dirigidas e de forma cíclica percorrer todas as tendas.

Pela tarde houve uma animação com músicas e sorteios. Os participantes avaliaram o evento positivamente. Eles dizem estar satisfeitos e consideram o evento como algo muito importante para suas vidas. Os próprios jovens pediram que outros encontros como este possam ser realizados na paróquia. Nas duas edições, as Tendas Vocacionais foram encerradas com a bênção do Santíssimo.

Frei Marcos Bezerra

 

Confira algumas fotos das Tendas Vocacionais:

 

 

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Reflexão vocacional: “Santidade é uma vocação para todos!”

Ilustração baseada em um afresco que retrata Santo Agostinho. Arte: Fábio Vasconcelos

 

O tempo passa e não podemos pará-lo! Embalados ao ritmo do relógio, seguimos em frente, projetados para o futuro. Devorados pelo cronos, nem sempre conseguimos fazer a experiência regeneradora do kairós. Cada história pessoal contém em si aquela centelha do mistério de Deus, que unida a tantas outras tornam visível o mosaico das relações humanas. Vocacionados à santidade somos convidados a viver no “tempo” o amor misericordioso de Deus. Ele nos chama e nos envia para a missão.

Desde 1981, por decisão da 19ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), agosto é o mês do calendário em que a Igreja do Brasil reflete o tema da vocação e do discernimento vocacional. A palavra vocação tem sua raiz no verbo latino vocare, que significa chamado. A Igreja, comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, configura-se como a assembleia dos chamados, que pela força do compromisso batismal, são escolhidos para a vivência dos ministérios; suscitados pelo Espírito Santo e colocados a serviço da comunidade. Cada vocação é como téssera, uma pequena pedra, que unida a tantas outras compõe o belo mosaico da Igreja ministerial.

Neste ano de 2021, o mês vocacional tem por tema: Cristo nos salva e nos envia; e o lema: quem escuta a minha palavra possui a vida eterna (cf. Jo 5, 24). Assim, a cada domingo do mês de agosto celebramos uma vocação específica: no primeiro domingo os vocacionados aos ministérios ordenados: bispos, presbíteros e diáconos; no segundo domingo a vocação à vida familiar, na recordação do dia dos pais; no terceiro domingo, solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos céus, rezou-se pelos vocacionados e vocacionadas à vida religiosa consagrada; no quarto domingo, os vocacionados aos ministérios leigos existentes na comunidade e, por fim, no próximo domingo, o quinto do mês, iremos recordar o ministério do catequista.

O que todas essas vocações e ministérios têm em comum? O chamado à santidade: “sede santos assim como vosso Pai celeste é santo” (Mt 5, 48). Na origem de cada resposta vocacional encontra-se o fortíssimo desejo de viver plenamente a santidade como projeto de vida. Segundo Papa Francisco, “A santidade é o rosto mais belo da Igreja” (nº 9). No entanto, o Papa reconhece que “muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim” (nº 14). Para Francisco: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (nº 14).

Todos os batizados são chamados à santidade, cada qual na sua vocação específica. Para nos ajudar nesse caminho, a Igreja nos oferece, no decorrer do ano litúrgico, vários modelos de santidade. Entre eles figuram o exemplo de Santa Mônica (331-387) e Santo Agostinho (354-430), ambos mãe e filho, celebrados na liturgia nos dias 27 e 28 de agosto, respectivamente.

A antífona do cântico evangélico da Oração das vésperas, do próprio dos santos para a memória de Santa Mônica, retrata bem a sua vida de santidade, vivida em contínua oração pela conversão do seu filho: “Santa Mônica, mãe de Agostinho, de tal modo vivia no Cristo, que, estando ainda no mundo, sua vida e sua fé se tornaram o louvor mais perfeito de Deus”. Mônica, nasceu em Tagaste (atual Souk Ahras), na Argélia e morreu na cidade de Óstia. Ainda muito jovem casou-se com um homem chamado Patrício. Dessa união nasceram muitos filhos, entre eles, Agostinho. Rezou insistentemente durante 33 anos pela conversão de seu filho Agostinho que, antes de sua conversão levava uma “vida de heresias”.

Em suas Confissões, assim Agostinho refere-se à sua mãe: “Minha mãe, forte na piedade, já vier ao meu encontro, seguindo-me por terra e por mar, em ti confiando em todos os perigos. Era ela, nos momentos críticos da navegação, quem incutia coragem aos próprios marinheiros, que habitualmente confortam os viajantes inexperientes e timoratos, prometendo-lhes uma chegada a salvo. Foste tu, em visão quem o havias prometido a ela.” (Confissões. VI, 1. p.139).

Santa Mônica rezou e alcançou a graça que tanto desejava, a conversão do seu filho. Na sua busca pela verdade, Agostinho enveredou pelo caminho das heresias de sua época, até que, em 387, converteu-se a fé e foi batizado em Milão por Santo Ambrósio, tornando-se depois bispo e doutor da Igreja. Ao se dar conta de ter encontrado aquilo que tanto buscava, Agostinho reza: “tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora” (Confissões. X, 27. p.295).

O exemplo dos santos e santas nos inspiram na busca da santidade, pois, como bem disse o Papa Francisco, “ser santo é uma vocação para todos”. Na Igreja, todas as vocações e ministérios são importantes, e na diversidade de dons e carismas, cada batizado é como uma pequena téssera que dá forma e ajuda no desenvolvimento da vida da comunidade, para que o belo mosaico da Igreja resplandeça a face de Jesus Servo; que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mt 20,28).

Que ao final desse mês de agosto, mês vocacional, cada batizado cresça na consciência do seu compromisso batismal e, vivendo com fidelidade o seu projeto vocacional, possa buscar a santidade. “Santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”. Santa Mônica e Santo Agostinho intercedam por nós!

 

Frei John Araújo, OFM

 

REFERÊNCIAS

AGOSTINHO DE HIPONA.  Confissões.  17.  ed.  Tradução de Maria Luiza Jardim Amarante. São Paulo: Paulus, 2004.

FRANCISCO, PP.  Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate sobre a chamada à santidade no mundo atual.  São Paulo:  Paulus, 2018.

LITURGIA DAS HORAS. v. IV.  Petrópolis: Vozes. São Paulo: Paulinas/Paulus/Ave Maria, 1995.