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Frei Raoul Bentes será ordenado presbítero no dia da Imaculada Conceição 

Foto: Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM

 

Frei Raoul Antônio Azevedo Bentes, natural da cidade de Alenquer (PA), será ordenado presbítero da Igreja na solenidade da Imaculada Conceição, dia 08 de dezembro. A celebração de ordenação acontecerá na Igreja Santíssimo Sacramento, em Santarém (PA), às 09h. O Frade é o único filho do casal Ivo Antônio Monteiro Bentes e Iramaia Targina de Azevedo Bentes. Ele ingressou na formação franciscana no ano de 2010, com o postulantado realizado na fraternidade Casa Maira (Santarém – PA). Fez o noviciado e professou os primeiros votos na festa de Santa Maria dos Anjos (02 de agosto de 2012), tendo como mestre de noviços Frei Raimundo Reginaldo. De 2013 a 2015 cursou filosofia em Manaus, vivendo na Fraternidade São Boaventura. No ano fraterno pastoral em duas etapas, na primeira viveu entre o povo Munduruku do Alto Rio Tapajós, mais especificamente na Missão São Francisco do Rio Cururu, e em seguida no Santuário São Francisco das Chagas em Canindé – CE. No ano de 2018, juntamente com Frei Erlison Campos e Frei Vagner Sena, na Igreja do Santíssimo Sacramento (Santarém – PA), professou solenemente os votos religiosos na Ordem dos Frades Menores. A celebração da sua profissão solene se deu no dia 02 de agosto, mesma data da primeira profissão. Após quatro anos de estudo teológico em Petrópolis o frade foi ordenado diácono em 08 de dezembro de 2020. Ordenado diácono há um ano, Frei Raoul, exerce sua missão como diaconal na Prelazia de Itaituba, servindo na Paróquia Sant’Ana, que é administrada pelos frades menores. 

 

Foto: Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM

Frei Raoul escolheu como lema da ordenação o trecho bíblico da carta de São Tiago que diz: “A fé se não tiver obras, está morta em si mesma” (Tg 2, 17).  A celebração de ordenação vem sendo preparada cuidadosamente por Frei Pedro Rodrigo e uma equipe composta por membros das equipes de liturgia da Rede Franciscana de Paróquias. A data escolhida para ordenação é muito importante para a Arquidiocese de Santarém, que neste mesmo dia celebra sua padroeira. O bispo que irá presidir a celebração é Dom Carlos Alberto Breis, OFM, bispo de Juazeiro da Bahia. Dom Beto, como é chamado, como frade menor foi visitador da Custódia no ano de 2013. A mobilização para participar da ordenação está sendo grande entre os comunitários de Itaituba e os amigos e familiares do frade em Alenquer. As pessoas que não puderem comparecer à Ordenação terão a oportunidade de acompanhar o evento pelas redes sociais da Custódia São Benedito da Amazônia. 

 

A teologia, espiritualidade e missão do presbítero 

A teologia que envolve o ministério presbiteral é a do Deus que forma e guia o seu povo. A missão do presbítero é gerada dentro da comunidade e para o seu serviço. Deus é autor da dignidade humana, o distribuidor das graças e o Pastor supremo, o presbítero recebe dele a força e unção para agir como Cristo Cabeça. Assemelhar-se ao Cristo não apenas na dimensão do Altar, mas na entrega e no serviço. Essa dimensão do chamado antes da fundação do mundo, feita em honra, e destinados à santificação, auxiliam os pastores escolhidos por Deus. Cristo é Sacerdote, Pontífice (Mediador) e Apóstolo que escolhe pessoas para seguir a sua missão. Cristo é a plenitude do sacerdócio e dele derivam e para ele convergem os ministérios na Igreja. O Senhor santifica, escolhe, instrui e doa a sua vida pela sua comunidade. Por sua vez, a exemplo do Mestre e no seu viver, o presbítero deve conduzir, ensinar e rezar como membro do povo de Deus. 

O ministério presbiteral é compreendido teologicamente como instituição divina do Deus presente entre nós. É dele que “procede o segundo grau da Ordem” e é Ele quem constituiu os seus servos à dignidade de presbíteros. E assim como os apóstolos tiveram em seu pastoreio colaboradores, são agora os presbíteros que andam com o povo. Os bispos e presbíteros estão unidos pelo vínculo da Ordem. Não é “uma vontade pessoal” que gera um presbítero. A relação entre presbítero e o povo não está dissociada em nenhum momento da prece e nos ritos da ordenação revisados pelo Vaticano II. A união com os bispos e com o povo é uma marca presente nas palavras e ritos da ordenação. A compreensão que se gera é de uma centralidade de Cristo que em seu amor pela Igreja-Povo faz brotar nela e por meio dela os ministérios. Os que recebem a Ordem são fiéis também, batizados também, mas que recebem em nome de Cristo o dom do Espírito para servir a Igreja com a palavra e a graça (cf. LG, 11). Portanto, não temos como compreender teologicamente o presbiterato sem uma eclesiologia do Povo de Deus (e da teologia litúrgica da Igreja como sujeito da ação litúrgica, corpo sacerdotal de Cristo) e sem uma cristologia do seguimento de Cristo total (Mestre, Pastor, Sacerdote, Profeta, Libertador…). 

A espiritualidade do Presbítero é centrada em Cristo que se ofereceu. Jesus é o guia supremo da vida do presbítero que deve em tudo buscar assemelhar-se a ele. O múnus aqui é visto por um carácter espiritual, de crescimento no caminho espiritual, e não como uma “obrigação”. Ao presidir às celebrações, nos cuidados pastorais e na sua vivência diária, o presbítero é chamado a testemunhar fecundamente a mensagem de Deus. Essa espiritualidade pastoral parte de Cristo que é a base do ministério e o fortalece com as graças necessárias. A espiritualidade presbiteral deve sempre renovar o coração no Espírito da Santidade. É uma espiritualidade da tomada de consciência do que se crê, anuncia, celebra e vive. Nesse caminho espiritual, o padre não atua só, tem uma comunidade com quem dialogar, um presbitério com que contar, e a força da bênção do Espírito Santo. A espiritualidade presbiteral de acordo com o que nos indica a liturgia da ordenação é pautada pela comunhão com a Igreja e seguimento de Cristo. Os ritos preparatórios são uma parte da ordenação que enfatiza os elementos dessa espiritualidade presbiteral. A prece de Ordenação é por assim dizer, a síntese, pois apresenta elementos da espiritualidade, as fontes do sacramento e sua missão no mundo.   

Na sua missão, o presbítero encarna a espiritualidade e a teologia do sacramento da Ordem. Na missão pastoral estão unidos ao presbitério e ao bispo (ou seu ordinário). Seguem animando e conduzindo o povo no caminho de Cristo que edifica, santifica e cuida. Os presbíteros devem semear a unidade dos fiéis na busca da consumação do Reino. As petições da prece de ordenação indicam a missão de ser, segundo o seu grau, cooperador do bispo, anunciador e dispensador dos mistérios de Deus, orante atento das intenções do povo e do mundo. No ministério presbiteral eles apascentam o rebanho e dão testemunho de vida evangélica como pessoas que meditam a lei do Senhor e a praticam. A dimensão do pastoreio nas suas diversas formas e culto divino se entrelaçam. Anúncio, culto divino e vida pastoral são elementos que o presbítero partilha com o povo (em nenhum deles age só ou em seu nome). E isso tudo é expresso também nos ritos complementares que enfocam a missão do presbítero.  

Acompanhe o vídeo convidando para a ordenação

Equipe de Comunicação Custodial

 

Frei John presidindo a Eucaristia na Capela da Faternidade São Boaventura, Manaus-AM. Foto: Frei Erlison Campos.

Entrevista especial: Frei John Araújo completa 10 anos de ministério presbiteral

Frei John presidindo a Eucaristia na Capela da Faternidade São Boaventura, Manaus-AM. Foto: Frei Erlison Campos.

 

Nascido em Belém do Pará, Frei John Of God Machado de Araújo, OFM, fez os primeiros votos religiosos no ano de 2004, professou solenemente no dia 1º  de julho de 2007 e foi ordenado presbítero para a Igreja em 30 de setembro de 2011, dia de seu aniversário natalício. Para marcar esta data, Frei John concedeu uma entrevista ao frei Diogo Henrique, contando sobre sua vocação, formação e perspectivas para o futuro. Entrevista realizada no dia 28 de setembro de 2021, na fraternidade São Boaventura em Manaus-AM.

Eis a entrevista: 

 

Frei, ao comemorar uma década de vivência do  ministério presbiteral, você poderia partilhar um pouco como seu deu o chamado vocacional?

Eu havia recebido os sacramentos da iniciação cristã (batismo, eucaristia e crisma) na Paróquia de Santo Antônio de Lisboa (Belém-PA) onde, aos 10 anos, procurei participar do grupo de coroinhas. Minha vocação surgiu justamente neste momento, ao tomar conhecimento na formação para coroinhas e depois servindo ao Altar. Aconteceu, que um dia, eu  fui procurar o Pároco, na época, Frei Francisco Aparecido Rodrigues (OFM), e disse a ele: “Frei, eu gostaria de ser padre”, pois ainda não tinha conhecimento sobre Ordens e Congregações religiosas. Então meu discernimento inicial foi justamente o “querer ser padre”.

 

Como se deu seu contato com a vida franciscana?

Os frades desempenham uma ação evangelizadora há algum tempo na minha cidade. Então, eu sempre via os frades, mas não atentava para esta diferença (entre Padre e Frade, Clero Religioso e Secular). E mesmo assim, iniciei o acompanhamento vocacional por volta dos 15 anos. E também comecei a conhecer o carisma Franciscano quando eu iniciei na JUFRA (Juventude Franciscana) e então, junto ao discernimento vocacional do ministério sacerdotal associou-se o discernimento à vida religiosa. Com a aproximação ao carisma franciscano, conheci um pouco mais a história de vida de Francisco de Assis e acabei me encantando com este carisma, e isto só veio dar ânimo ao meu discernimento vocacional.

Uma vez que os Padres da Paróquia eram Frades, acredito que isto contribuiu muito, por causa do testemunho que eles davam, e isso foi somado ao fato de eu me sentir impressionado com o modo de vida deles, a fraternidade e a vivência na comunidade. Tudo isso me levou a ingressar no processo formativo da Custódia São Benedito da Amazônia, que na época era Vice-Província.

Foto: Arquivo Pessoal.

 

Como começou o processo de formação inicial junto aos Frades Menores?

Fiz o processo de discernimento vocacional até os 18 anos, ou seja, até o momento em que fui aprovado para ingressar no Postulantado Franciscano, na Fraternidade Kabiará, em Santarém-PA, auxiliado pelo Mestre de Postulantes Frei Chico Silva e Vice Mestre Frei Valcy de Assunção. Fiz a etapa do Noviciado na mesma cidade e casa de formação, já com o Mestre de Noviços Frei João Schwieters e Vice Mestre Frei Gregório Kemner. A minha primeira Profissão aconteceu no dia 19 de janeiro de 2004. Votos que foram renovados durante três anos em Manaus-AM, onde fiz o Bacharelado em Filosofia, que na época era realizado no ITEPS.

Após um preparo, fui enviado, juntamente com Frei Rômulo Canto, para cursar Teologia durante quatro anos em Jerusalém, na Terra Santa.

Frei John e o Papa Bento XVI na viagem apostólica à Terra Santa. Foto: Arquivo Pessoal

 

A data da sua ordenação presbiteral se deu no dia 30 de setembro, o mesmo dia do seu aniversário natalício. Como se deu a escolha desta data?

Frei Edilson Rocha (atual Custódio) foi quem escolheu esta data, por ser o dia do meu aniversário. Na época eu estava fazendo 29 anos, e uma das frases do meu agradecimento foi justamente esta: “Hoje eu celebro 29 anos e acolho esta escolha como um presente de Deus, a minha Ordenação Presbiteral”. Um presente porque era algo que eu desejava, buscava e me sinto realizado como Padre Religioso. Ao longo destes 10 anos, é claro, a gente encontra também dificuldades na vivência da vocação presbiteral, na vocação religiosa, mas a palavra de Deus e a oração devem nos sustentar sempre.

Frei Edilson durante a imposição das mãos no rito de ordenação. Foto: Arquivo Pessoal

 

Completando 10 anos de vida presbiteral, você consegue fazer uma avaliação desta caminhada?

Olha, eu vejo positivamente estes anos como Padre. Passei por diversas experiências, que marcaram a minha vida e a minha vocação.

Eu comecei a vida presbiteral sendo Vigário Paroquial em minha paróquia de origem, Santo Antônio de Lisboa, onde fui ordenado presbítero pelas mãos de Dom Frei Martinho Lammers, Bispo emérito da Diocese de Óbidos-PA. Fui vigário desta paróquia durante dois anos, até dois mil e treze (2013), quando o Frei Francisco Paixão (Custódio) me convidou para ser mestre de postulantes em Santarém. Passei um tempo como mestre de postulantes, e desde então eu trabalho diretamente na formação dos frades de profissão temporária. 

A maior parte do meu ministério sacerdotal eu passei e estou passando como formador e sendo vigário paroquial em diversos lugares, como Santo Antônio em Belém, Santíssimo e São Sebastião em Santarém e aqui em Manaus; primeiro na Área Missionária Santa Catarina de Sena e atualmente na Paróquia Santo Antônio. Eu realizo estes serviços, como presbítero e religioso que sou. Tanto o serviço na formação quanto o serviço nas paróquias são realizados sempre com muita dedicação e oração.

 

Primeira Missa presidida por Frei John na Capela Santo Antônio de Lisboa. Belém-PA. Foto: Arquivo Pessoal.

 

Frei, neste dia que marca seu aniversário natalício e ordenação presbiteral, qual a perspectiva que você tem para o futuro?

Antes de ser ordenado eu me questionava como seria meu ministério, porque você sente um misto de emoções muito grande, assim foi a minha experiência. Foi uma coisa que eu havia refletido, vinha amadurecendo, buscando. E em todo o processo formativo via, não como um final, mas como uma etapa, um momento importante na vida. Uma vez que me sentia chamado, me senti vocacionado a isto. É claro que a vocação franciscana é importante, uma vez que fui tocado pelo carisma de Francisco e o assumi como modo de vida, de forma que, uma coisa não anula a outra. Do contrário, soma e enriquece.

Nestes 10 anos eu não tinha tanto planejamento. Fui vivendo as experiências que me foram proporcionadas pelas obediências que recebi. Como formador, a acompanhar os jovens ao discernimento e nas paróquias, conforme as minhas capacidades.

Não é possível traçar perspectivas, mas vejo que eu, que agora completo 10 anos de padre e olho para trás, não com uma euforia, mas com uma emoção que continua ainda hoje. Quando eu celebro, me preparo, pois tenho gosto pela liturgia e por celebrar bem. E quando se faz aquilo que gosta, isso nos deixa muito feliz e realizado, enquanto religioso presbítero.

Espero continuar neste ministério, nesta trajetória, neste serviço, buscando viver com coerência, autenticidade a vocação para a qual eu fui chamado, de forma verdadeira e transparente.

 

Frei, muito obrigado pela sua disponibilidade, por toda a sua dedicação ao ministério, parabéns pelo aniversário natalício e presbiteral. E qual mensagem você deixa para quem está procurando discernir esta vocação?

A grande mensagem é que nós devemos procurar, de fato, aquilo que nos faz feliz. Apesar da adversidade, digo para todos aqueles que desejam ser padres, que não tenham medo de darem o seu sim a Deus, de se colocarem a serviço d’Ele em todas as pessoas.

 

Frei Diogo Henrique da Silva Siqueira Oliveira, OFM

Frade Menor de Profissão Temporária, residente em Manaus e Acadêmico do curso de Bacharelado em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco.