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Frei Juvenal Carlson, OFM: a eterna jovialidade franciscana 

Foto: Arquivo Custodial

 

No dia 25 de janeiro de 2002, Frei Juvenal Carlson, OFM (1930-2002), faleceu em Santarém (PA), Brasil. Ele tinha 72 anos de idade, 49 anos de profissão solene e 46 anos de sacerdócio. John Carlson (nome civil) nasceu em Keithsburg, Illinois, Estados Unidos, no dia 17 de maio de 1930, no seio de uma família protestante. Quando jovem, ao ler um livro sobre a vida de São Francisco, John foi atraído pela fé católica e se converteu, sendo batizado aos 16 anos e crismado no ano seguinte. Em 1949, o jovem John ingressou no Noviciado, foi revestido com o hábito franciscano e recebeu o nome de Frei Juvenal (mais uma vez, por brincadeira ou profecia, o Ministro Provincial da época o nomeou apropriadamente, pois embora tenha vivido até aos 72 anos, ele sempre foi jovial). Frei Juvenal foi ordenado sacerdote em Teutópolis, em 1956, depois de concluir os seus estudos. Em 1958, partiu para o Brasil como missionário e passou o resto da vida ajudando a Igreja na Amazônia.

 

Juvenal: o “Frei Meninão”

Ele tinha um espírito brincalhão, era imediatamente reconhecido assim que entrava na presença de alguém. Trajando o hábito franciscano ou uma calça jeans, sempre usava um lenço vermelho no pescoço, que ficou a sua marca registrada. Ao entrar num recinto, circulava a sala como um turbilhão, ou seja, cumprimentava todas as pessoas com alegria, apertando a mão de algumas, abraçando outras, beijando as mãos das senhoras, sorrindo ou brincando com as crianças. Por isso, o povo o apelidou de “Frei Meninão”.

 Como era um frade de leitura e bastante comunicativo, Frei Juvenal sempre tinha – na ponta da língua – uma resposta ou um comentário para determinado assunto que lhe era proposto. E por conta disso, facilmente também tecia saudáveis relações com várias pessoas, inclusive de outras igrejas, como ficou notória sua amizade com o Pastor Sóstenes Pereira de Barros, da igreja Batista de Santarém (PA). 

As habilidades sociais e as atitudes lúdicas inerentes na personalidade de Frei Juvenal, fizeram-no ser um frade ideal para assumir tantos ministérios diferentes na Igreja e na Ordem. Ele foi desde diretor espiritual do Seminário São Pio X, em Santarém, até Visitador Geral da Ordem, serviço que ele realizou para nada menos que em 4 províncias franciscanas do Brasil. Por 7 anos, Frei Juvenal foi Ministro Custodial dos frades na Amazônia, à época a Custódia do Sagrado Coração de Jesus. Ele foi Mestre de noviços, Vigário Geral da então Diocese de Santarém, hoje Arquidiocese; foi pároco e vigário de várias paróquias em algumas cidades da região, além de guardião de alguns conventos. Por onde passou, Frei Juvenal jamais foi esquecido, pois sua alegria em ser franciscano e sua irreverência marcavam a vida da pessoa que o encontrava. 

 

Foto: Arquivo Custodial

Um irmão espiritual e espirituoso 

A vida em fraternidade era a sua característica marcante. Frei Juvenal sempre se interessou pelo “outro cara”, referindo-se a um outro frade irmão, isto é, procurava maneiras de servir, uma oportunidade de estar com o outro, fosse oferecendo algo para comer, fosse contando algo para iniciar uma boa e alegre conversa fraterna.

O senso de humor e a personalidade extrovertida de Frei Juvenal faziam encher uma igreja e capela. Onde quer que estivesse, ele era notado. Nas missas que presidia, ele possuía uma maneira única e simples de proclamar e explicar a Boa Nova: usava recursos visuais – flor, semente, panela, roupas, fotos, enxada, terçado (facão), etc. – para ajudá-lo a transmitir a mensagem evangélica, em homilias que eram bem dinamizadas e que, facilmente, o povo assimilava. 

 

Um desconhecido poderia achá-lo estranho ou “louco” ao conhecê-lo pela primeira vez, porém, rapidamente percebia que esse era apenas o jeito de ser do Frei Juvenal. Como um grande torcedor do time de futebol Botafogo, Frei Juvenal ostentava um bastão que possuía, no qual tinha na ponta o escudo do referido time talhado na madeira. E o povo, quando fazia aclamações no final da missa, tais como “viva Jesus Cristo, viva Nossa Senhora, viva nossa comunidade”, vez ou outra Frei Juvenal emendava: “e viva o Botafogo!” 

No início do ano de 2002, Frei Juvenal começou a ter sérios problemas de saúde, sentindo frequentes dores abdominais. Ao ser acometido por uma forte crise de dores, ele foi levado ao Hospital São Camilo para a realização de exames e, logo ficou internado, sendo acompanhado pela Irmã Marta Friedman, enfermeira e grande amiga dos frades. Porém, enquanto fazia um exame de endoscopia numa clínica próxima ao hospital, Frei Juvenal veio a falecer repentinamente na tarde do dia 25 de janeiro. O velório, a missa de exéquias na Catedral e o sepultamento do Frei Meninão foram acompanhados, com grande comoção, pelo povo santareno e os seus confrades.

 

Texto: Frei Elder de Sousa Almeida, OFM

Fontes: Necrológio da Província do Sagrado Coração de Jesus (EUA) 

Arquivo da Custódia São Benedito da Amazônia.