O pouco que sabemos de Santa Ana
Santa Ana desempenhou um papel extremamente importante na história do cristianismo. Ela é a mãe de Maria, que fora concebida sem pecado original¹. Maria mais tarde se tornou a mãe de Jesus. Santa Ana então é a avó de Jesus Cristo. Ela nasceu da Casa de Davi, a linha que foi profetizada para dar à luz a Cristo. Em hebraico, seu nome era possivelmente Hannah, pois Anne é o derivado grego do nome Hannah².
No Evangelho de Tiago, que faz parte dos Apócrifos, encontramos a história de Ana. Ela e seu marido (Joaquim) não conseguiram conceber um filho, embora tentassem fazê-lo e quisessem muito um bebê. No entanto, um dia um anjo veio até eles e disse-lhes que teriam um filho³. De tanta alegria, Ana prometeu que dedicaria a vida desse bebê ao serviço de Deus. A filha deles, Maria, nasceu.
Ana havia prometido que entregaria seu filho ao serviço de Deus, e ela manteve seu voto sagrado. Quando Maria tinha três anos, seus pais a trouxeram ao Templo e a entregaram ao serviço do Templo. Embora desejasse tanto um filho, Ana sabia que tinha que honrar sua promessa ao Senhor e Maria precisava ser criada para se tornar a mãe de Jesus Cristo.
Embora tenha ocorrido um processo mais formal para tornar-se santa, Santa Ana é considerada Santa por seu papel de mãe de Maria, avó de Jesus Cristo, e como serva devota e piedosa de Deus. Algumas pessoas dizem que ela não realizou nenhum milagre em sua vida, o que tecnicamente é um requisito para um santo. No entanto, tudo isso depende de como definimos a palavra milagre. Conceber e dar à luz à Mãe de Jesus é algo que por si só indica um milagre. Pela grandeza da Filha e do Neto Santa Ana e São Joaquim são muito agraciados.
Na casa de Ana e Joaquim
Ana ganhou os altares ainda no início do cristianismo e desde lá é homenageada em muitas partes do mundo. Entre tantos lugares destaca-se A Igreja de Santa Ana localizada no bairro muçulmano da Cidade Velha de Jerusalém, perto do início da Via Dolorosa, junto ao Portão dos Leões. A acústica desta igreja é particularmente adequada ao canto gregoriano, o que a torna um local de peregrinação para solistas e coros.
Na Amazônia Santa Ana é padroeira de muitas comunidades e patrona de igrejas particulares (prelazias e dioceses). A mãe da Mãe do Senhor é homenageada pelas bocas de muitos que sabem seu hino memorizado e que hoje numa deslumbrante animação, a saúdam dizendo: “Que cantos, que luzes e festa!”. Não apenas a influência da religiosidade portuguesa pela Santa Ana “mestra”, mas também o apreço pelos ancestrais que os amazonidas cultivam pode ser visivelmente expresso na devoção à Santa. E quando se festeja a senhora Santa Ana tenha-se presente o apelo de cultivar as raízes de sabedoria legadas pelos antepassados.
Uma avó carinhosa
Ana tornou-se o exemplo de avó carinhosa e cheia de amor presente em todas as avós que, segundo o ditado popular, “são mães duas vezes”. E ela inspira a todos aqueles que dedicam parte de suas vidas cuidando dos filhos de seus filhos. Se hoje os avós se enchem de alegria ao escutar seus netos os chamando de vô/vó, quanto mais Ana e Joaquim, escutar da boca de Jesus, um gesto carinhoso ao dizer: “Bença, vovó! Bença vovô!”. Salve Santa Ana, consoladora e mãe/vó protetora! Salve São Joaquim, educador e pai/vô lutador! Salve todos os avós e avôs!
Frei Erlison Campos, OFM
¹Dogma da Imaculada Conceição (ou concepção), proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX
²Climax César Chaves Menezes em “A história de Deus e Jesus”
³Evangelhos Apócrifos, 17ª Ed.: EDIPUCRS, Rio Grande do Sul, 2004.
Climax César Chaves Menezes em “A história de Deus e Jesus”