Em nosso site abrimos espaço para ecoar “vozes amazônicas”. O texto a seguir trata-se um artigo de opinião a partir da realidade regional. Nele o autor apresentam seu ponto de vista sobre um tema pertinente a vida e missão no “poliedro amazônico”. O primeiro artigo que publicamos é intitulado “Sobre agulhas no palheiro”, onde Padre Edilberto Sena, expõe segundo sua análise, notícias atuais sobre o panorama socioambiental.
Acompanhe o texto
Apresentar notícias esperançosas sobre a Amazônia brasileira hoje, é um desafio, tão custoso quanto procurar agulha num palheiro como compara o Evangelho. Que bom que existem algumas agulhas, mas o palheiro é muito grande. Os movimentos populares na luta em defesa da vida, os movimentos indígenas, na luta pelo seu território, as pastorais sociais da Igreja em defesa dos oprimidos e da Mãe Terra, são algumas agulhas.
Os maiores palheiros são os empresários do agronegócio e mineradores, apoiados por um governo psicopata e genocida. Essa disputa pelo território amazônico tem sido muito desigual, sempre, porém mais grave atualmente com o governo paranoico, políticos mercenários e Suprema Corte medrosa. Os militares perderam completamente sua missão de morrer pela pátria se preciso fosse para agora viver pelos altos salários e armamentos antigos da comprados dos Estados Unidos da América do Norte depois do fracasso da guerra do Vietnã.
Os órgãos de proteção da Amazônia (IBAMA, ICMBIO e FUNAI) estão sucateados. Ao mesmo tempo, o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, sem tarefas do cargo, se torna diretor da defesa da Amazônia com pelotões militares. Ao mesmo tempo que gasta muito mais dinheiro com esses deslocamentos inúteis e deixa o IBAMA sem recurso para funcionar.
Na semana passada, o assim dito presidente da comissão da Amazônia esteve em Altamira (PA), região do rio Xingu, onde está ocorrendo um grande desmatamento. Segundo informações oficiais, ele veio participar de operações contra o desmatamento da Amazônia.
Mas, uma liderança da luta popular do Xingu faz um alerta. Ela diz: “Se atentem a essas três informações:
– Segundo o site “O Eco”, em 2.012 o governo federal reduziu 60% do orçamento do monitoramento do desmatamento.
– Segundo o “Valor Econômico”, nos 26 municípios que estão sob o decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO), incluindo Altamira, houve uma redução menor no desmatamento do que em municípios sem a intervenção das Forças Armadas.
– Segundo o site “Outras Palavras”, as Forças Armadas gastaram em 2020, com satélite de baixa eficiência, três vezes mais que o orçamento do Ibama, ICMBio e Inpe, juntos. Apesar do gasto astronômico na operação “contra o desmatamento”, o ano registrou devastação recorde”.
Assim questiona a jovem líder popular de Altamira: O mesmo veio fazer, gastando dinheiro público com o general Vice-presidente? Apenas veio trazer uma cortina de fumaça para dizer que o combate ao desmatamento é uma das prioridades do governo. Infelizmente os fatos desmentem o tal general.
Pe. Edilberto Sena
Presbítero da Arquidiocese de Santarém e Assessor de Movimentos Populares