Todos os dias, desde a hora que nós levantamos, estamos realizando ações. Podemos perguntar: de onde vem as ações que fazemos? O que nos motiva a agir da maneira que agimos? De fato, há vários motivos para as nossas ações.
Uma primeira coisa são nossos hábitos. Sempre fazemos a mesma coisa do mesmo jeito todos os dias e, portanto, nossas ações são determinadas pelos nossos hábitos. Agimos também pelos nossos impulsos. É o desejo ou a emoção do momento que nos impulsiona a agir. Ao mesmo tempo, há muitas influências nas nossas vidas e, por não querer ir ao contrário dos outros ou de certos conceitos na sociedade, agimos de acordo com aquilo que os outros pensam e a pressão do grupo do qual pertencemos. Existe também a mal e agimos por causa da nossa própria maldade. O mal que está dentro de nós nos leva a cometer pecados. Pelo outro lado, agimos também pelos compromissos que temos. Por causa de nossas responsabilidades muitas vezes fazemos coisas que talvez nem sejam da nossa própria vontade. Finalmente, agimos por causa da fé que temos em Deus. Pela escuta da Palavra de Deus, somos motivados a fazer o bem aos outros. A fé nos faz agir com amor e solidariedade.
O profeta Jeremias escutou a Palavra de Deus e entendeu que a sua maneira de viver e agir só podia ser conforme a vontade de Deus: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio da tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações” (Jr 1, 5). Jeremias recebeu a missão de comunicar a palavra de Deus e ele não podia fugir. É o profeta que entendeu que Deus tomou conta da sua vida e não tem como escapar. O seu agir não foi determinado por influência dos outros e nem pelos pensamentos da maioria, mas de acordo com sua fé e seu desejo de fazer a vontade de Deus. Assim ele recebeu a promessa de proteção: “Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te” (Jr 1, 19).
Podemos ver isso também na leitura do evangelho de hoje que é uma continuação do evangelho da semana passado. Jesus disse: “Hoje se cumpriu as escrituras que vocês acabam de ouvir” (lc 4, 21). Jesus assumiu a missão de proclamar o “ano da graça” e anunciar a Boa Nova aos pobres pela força do Espírito. Mas a partir desta missão Jesus é perseguido. “Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22). Eles queriam jogar Jesus no precipício porque não podiam aceitar as suas palavras e as suas ações. Justamente é o profeta que não é aceito por causa do seu compromisso de fé e sua prática de acordo com a Palavra de Deus. Por isso, o profeta reconhece que é chamado por Deus, tem certeza da sua missão e é capaz de continuar seu caminho, apesar da rejeição dos outros, exatamente como Jesus fez: “passando pelo meio deles, continuou no seu caminho” (Lc 4, 30).
Na cidade de Corinto, o povo achava que era muito bonito falar em línguas e fazer profecias. Era a moda e a maneira de receber elogios e fama. Mas São Paulo escreve bem claro que pode falar em línguas, receber elogios e ser famoso, mas é como um “bronze que soa ou um címbalo que retine”, não vale nada se não tiver o amor. Para Paulo é a Palavra de Deus que deve motivar a nossa ação e não a influência dos outros e nem os aplausos, pois o verdadeiro profeta vive de acordo com o compromisso de fé.
Com certeza, há muitas coisas que motivam as nossas ações. Mas para nós, que temos fé, é a Palavra de Deus que deve ser a maior motivação nas ações que fazemos. Isto quer dizer que, muitas vezes, precisamos quebrar a influência dos outros, ou, a nossa própria maldade e nossos impulsos para sermos coerentes com aquilo que acreditamos. Com certeza, não é fácil, é preciso estar atento a Palavra, é preciso a oração e é preciso o compromisso de fé pela força do Espírito. Mas, é possível agir de acordo com a Palavra, pois temos a promessa que Deus está do nosso lado: “Eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro e num muro de bronze contra todo o mundo…” (Jr 1, 18). É a garantia para todo aquele que se torna profeta e faz a vontade de Deus.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM