Hoje, na festa do Batismo de Jesus, lembramos como o povo estava na expectativa sobre a vinda do Messias e como João Batista pregou: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu” (Lc 3, 16). Também, como Jesus veio de Nazaré, foi batizado por João e do céu veio uma voz: “Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer” (Lc 3, 22). É Jesus quem recebe a força do alto para realizar a missão do Pai, o Filho que se tornou obediente ao Pai até a morte e a morte de cruz. Nesta celebração somos convidados a refletir sobre o nosso batismo e a vivência da nossa fé como seguidores e seguidoras de Jesus.
Na primeira leitura, o profeta Isaias descreve a missão do servo: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade” (Is 42, 2-3). Este mesmo servo vai estabelecer a justiça e as nações esperam seus ensinamentos. Jesus é o servo que veio para realizar o projeto que está no coração de Deus.
Também, ligamos a festa do batismo de Jesus com a festa do Natal:
No Natal Jesus nasceu entre os homens, nasceu da Virgem Maria e, no batismo, Jesus é gerado pelos sinais dos céus. No Natal Maria envolve Jesus em panos e o deita na manjedoura e, no batismo, Jesus é envolvido em luz e o Espírito Santo pousa sobre ele. No Natal Maria traz Jesus nos braços e, no batismo, o Pai presta o testemunho de amor: “Este é meu filho amado”. No Natal a mãe apresenta Jesus aos reis magos que se manifesta como Salvador de todas as nações, e no batismo, o Pai revela Jesus como luz para “estabelecer a justiça” na terra.
Com certeza o batismo de Jesus é sinal hoje do nosso batismo e nesta festa do Batismo de Jesus, podemos perguntar: para nós cristãos hoje, o que significa o nosso batismo? Para responder, podemos lembrar as palavras de Pedro no livro dos Atos: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10, 34-35).
Esta frase de Pedro é como um estalo, um salto no escuro, uma mudança radical na maneira de pensar e agir. Pois, para os Judeus, a salvação só podia ser alcançada por eles. Portanto, estas palavras de Pedro são um grande passo na compreensão humana sobre a revelação divina. A partir desta compreensão, nosso batismo também deve ser um salto no escuro e uma nova compreensão da nossa vocação e, como João Batista, apontar para Jesus como o Filho amado do Pai e o Salvador de toda a humanidade.
Logo, nosso batismo significa ser purificado pela água, é um novo nascimento na fé em Jesus e, como criaturas novas, queremos ficar em sintonia com a vontade de Deus. Assim, como João Batista queremos apontar para Jesus pela nossa ação de temer a Deus e praticar a justiça.
Pelo batismo, fazemos parte do Povo de Deus e somos membros de uma grande família. Vivemos em comunidade e promovemos o espírito de fraternidade, partilha e amor. Assim, na vivência deste compromisso apontamos para Jesus, o Filho amado do Pai.
No nosso batismo, recebemos uma missão como o servo para realizar a vontade do Pai, livrar das injustiças, ser luz para todos e ensinar o significado das nossas promessas batismais no seguimento do caminho de Jesus.
No batismo compreendemos que Deus não faz distinção entre as pessoas, ele aceita todos que praticam a justiça. Como Jesus somos ungidos para praticar o bem, superar todos os preconceitos e viver a misericórdia.
No batismo renunciamos o mal e professamos a fé. Não só de nome, mas pelas nossas palavras e ações. Por isso, nesta celebração renovamos as promessas do nosso batismo e, pela força do Espírito Santo, nos comprometemos a apontar para Jesus que está no meio de nós como Servo para promover o julgamento para obter a verdade e estabelecer a justiça na terra, sinais do Reino de Deus entre nós. É este Jesus que se manifesta como luz das nações e o Filho amado do Pai.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM