Um dos espetáculos da natureza em nossa região é o encontro das águas na frente da cidade de Santarém. Não é somente o encontro de dois rios, mas também é um fenômeno da natureza. Entretanto, este encontro do Rio Tapajós com o Rio Amazonas não é um encontro pacífico. Às vezes, as águas do Rio Tapajós vão invadindo as do Rio Amazonas e as vezes é exatamente o contrário, ou seja, as águas do Amazonas invadem o espaço do Tapajós. Parece uma luta, pois cada um dos dois rios quer vencer o outro, mas no final das contas, é o Rio Amazonas que ganha, pois depois da luta, as águas do Tapajós vão sumindo. Observando este fenômeno, podemos dizer que o Rio Tapajós vai de encontro ao Rio Amazonas e não ao encontro.
Como o encontro das águas em Santarém, o evangelho de hoje também relata um encontro. Mas este encontro não é uma luta, Maria não vai de encontro com Isabel, mas ao encontro. E não é somente um encontro de duas mulheres agraciadas com o dom da vida, mas de duas mulheres que não podiam ficar gravidas. Isabel, uma mulher idosa e estéril, e Maria, virgem, que não conhecia nenhum homem. Também é um encontro de duas crianças. João Batista que era o precursor, aquele que iria anunciar a vinda do Messias, e Jesus, o Salvador, que foi concebido por obra do Espírito Santo.
Este encontro mostra para nós várias atitudes que devemos ter como cristãos. Primeiro, Maria, depois de dizer sim ao anjo, põe-se a caminho e vai para a casa de Isabel. Na pressa de compartilhar a alegria da gravidez, Maria se mostra solidária com Isabel. No cumprimento a Isabel, a criança pulou de alegria. É a alegria do encontro e da solidariedade. A saudação também é de paz, pois a realização da vontade de Deus, manifestada nas duas mulheres, é motivo de viver e experimentar a paz que vem de Deus.
Depois, Isabel, iluminada pelo Espírito, exclamou com alegria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42). Ela não somente reconhece a ação de Deus, mas compreende que esta ação transforma e realiza o plano de salvação. Um plano que usa da fraqueza humana para mostrar os caminhos de Deus para toda a humanidade. Ao mesmo tempo, Maria é um instrumento nas mãos de Deus e por isso Isabel exclamou: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1, 45). A confiança na Palavra de Deus e a aceitação da vontade de Deus na sua própria vida faz com que Maria se torna exemplo para todos aqueles e aquelas que querem fazer a vontade de Deus. Em outras palavras, pelo fato que Maria foi ao encontro de Isabel, as duas mulheres reconheceram a ação de Deus em suas vidas e que esta ação realiza o plano de salvação que Deus tem para toda a humanidade.
Neste 4º Domingo do Advento, a liturgia nos mostra que é necessário ir ao encontro de Deus e não de encontro com Deus. Ir ao encontro de Deus acontece quando vivemos a alegria da solidariedade e quando somos instrumentos nas mãos de Deus pela confiança que temos em sua palavra e pela aceitação da sua vontade em nossas vidas. Ir de encontro com Deus é insistir nos nossos próprios caminhos, vivendo o isolamento dos outros e recusando a ação da palavra em nossas vidas. Maria, pela sua prática de fé, é um grande exemplo para nós, pois nos ensina a passar de uma fé passiva e infantil para uma fé viva e comprometida na realização das promessas de Deus.
Acreditar que Deus se faz homem e caminha junto com a humanidade é reconhecer que Deus vai ao nosso encontro e por isso nós também precisamos ir ao encontro de Deus. Este Natal é justamente uma grande oportunidade para reconhecer que Jesus novamente nasce entre nós e quando vamos ao encontro de Deus, reconhecemos que também precisamos ir ao encontro dos irmãos e viver a grande alegria da solidariedade e da paz que vem da nossa confiança em acreditar que o que Deus nos prometeu será cumprido.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Arte: Frei Fábio Vasconcelos, OFM