Hoje celebramos a festa de todos os santos e recordamos o fato que nós somos filhos e filhas de Deus e, através de nós, Deus manifesta a sua glória, como diz São João: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos!” (1Jo 3, 2).
Quando pensamos em santos, lembramos pessoas que viveram muito tempo atrás, como São Pedro, Santo Antônio, São Francisco, Santa Clara e tanto outros homens e mulheres que viveram a santidade. Mas, ao celebrar a festa de todos os santos, colocamos uma distância entre nós e eles, tanto no tempo como a maneira que viveram. Assim, pensamos que a santidade é reservada para pessoas que viveram no passado e de uma maneira extraordinária, nós não podemos ser santos. Apesar disto, devemos lembrar que os santos eram homens e mulheres como nós com suas dificuldades, enfrentaram tentações e com certeza eram fracos e sujeitos ao pecado igual a nós.
Então, o que fizerem para serem santos? Primeiramente, fizeram uma opção de vida, decidiram seguir Jesus Cristo. Para isto era preciso conhecer Jesus, sua palavra e sua proposta. Todo santo é como os discípulos, que, quando Jesus subiu ao monte, se aproximaram para ouvir seu ensinamento. Não somente escutaram, mas eram capazes de viver o que escutaram. Podemos dizer que foram santos porque foram fiéis ao ensinamento de Jesus.
Jesus é a fonte da santidade dos cristãos. As bem-aventuranças são o critério pelo qual discernimos se estamos ou não vivendo a fidelidade ao projeto de Jesus. No seu ensinamento Jesus lembra que felizes são os pobres, os aflitos, os mansos e os que tem fome e sede da justiça, os que promovem a paz, os perseguidos. Parece uma contradição, a felicidade não vem pela ausência de dificuldades ou sofrimento, mas no desejo de alcançar mais que somos, superar nossas limitações, pois o programa de Jesus é justamente superar o mal deste mundo para implantar o Reino. É viver o amor como Jesus viveu. É nos identificar com o Cristo crucificado.
Então, a distância entre nós e os santos não existe pois, como eles, somos chamados a ficar ao redor de Jesus para escutar e, na escuta, fazer uma opção de vida, ser discípulo dele de verdade e alcançar a santidade apesar das nossas fraquezas e limitações. Para fazer esta opção é preciso lembrar que ser cristão não é simplesmente ser batizado. O livro de Apocalipse nos fala como alcançar a santidade, pois estava reunido uma grande multidão diante do Cordeiro, vestidos de roupa branca: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). Em outras palavras, abraçaram a causa de Jesus e colocaram esta causa como prioridade da vida. Foram fiéis mesmo diante das dificuldades da vida, das perseguições e dos desafios de viver a fé cristã.
Com certeza, manter a fidelidade depende das opções que fazemos. Uma coisa é participar na comunidade que nos abre para a vida em fraternidade. Significa também fazer ações de caridade que nos permitem vencer nosso egoísmo e reconhecer nossa responsabilidade de promover a justiça e a paz. É lembrar que o objetivo da festa de hoje não é somente homenagear todos os Santos, mas é reconhecer que o ideal da santidade é possível ainda hoje para cada um de nós. Para isto é preciso uma vida de conversão constante onde acolhemos o apelo de Deus para viver a santidade não somente pedindo a intercessão dos santos, mas também seguindo seu exemplo de fé e amor, e assim, seguindo o caminho de Jesus.
Por: Frei Gregório Joeright, OFM
Referências:
BORTOLINI, Padre José. Roteiros Homiléticos: Anos A, B, C, Festas e Solenidades. Brasil: Paulus Editora, 2014.
COSTA, Padre Antônio Geraldo Dalla. Buscando Novas Águas. Disponível em: https://www.buscandonovasaguas.com/index.php?menu=home.
A Fé Compartilhada – Pe. Luís Pinto Azevedo