No dia 06 de julho, uma quarta-feira, iniciamos a viagem de Santarém até à Missão São Francisco no Rio Cururu, foram vários dias de estrada que passamos nesta viagem, ficando hospedados na fraternidade de Sant`Ana (em Itaituba) e na casa paroquial em Jacareacanga. Desde já agradeço a acolhida dos confrades e dos frades Carmelitas. Estavam presentes na viagem os seguintes confrades: Frei Edilson, Frei Henrique, Frei Walter, Frei Bruno (frade da Província Santa Cruz no Estado de Minas Gerais, que veio para fazer uma experiência entre o povo Munduruku) e eu (Frei Jailson).
No dia 9, subimos o Rio Tapajós com todo o cuidado, devido a muitas pedras e bancos de areia, guiados por um piloto indígena conhecido pelo nome de “Capitãozinho”. Ao decorrer o percurso do rio, contemplamos a natureza ao nosso redor e o calor do sol. No final daquela tarde alcançamos a “boca do Rio Cururu” deixando as fortes correntezas e águas verdes do Tapajós. Na mata nativa, observávamos atentamente os jacarés nadando com seus olhos alaranjados; garças pescadoras garantindo seu jantar, pássaros procurando seus ninhos para dormir e tantas outras espécies que, se não víamos, escutávamos.
Por volta de 20h30 chegamos à Missão, após mais de 12 horas na voadeira. Ao desembarcarmos, fomos recebidos pelos guerreiros que vieram em nossa direção para saudar-nos e ajudar a carregar as compras, alimentação, baterias, gasolina, os tecidos de costura da irmã Claudia e todo nossa carga.
Durante os cinco dias que passamos na aldeia da Missão São Francisco, vimos o empenho, a receptividade e o amor do povo Munduruku. Estávamos ali para participar da 5ª Caravana de São João Batista, que é uma atividade que o próprio povo Munduruku tem realizado nos últimos dois anos. Durante o dia, todos os participantes, das mais diversas aldeias, reuniam-se debaixo de uma mangueira e ali realizavam as atividades, palestras e apresentações. A noite era dedicada à cultura. Cada aldeia apresentava uma dança e alí partilhavam aquilo que levavam para a Caravana.
Muitos deles vinham até nós para conversar e nos conhecer. Junto com o português, eles também traziam expressões da própria língua Munduruku. Eles se referem a nós como “pains” (Freis); dizem “Kabiá” (Bom dia) a todo momento que nos veem pela manhã. O boa tarde é dito “wuykat” e o boa noite é traduzido como “Kabiog”.
Sem dúvida foi um momento de aprendizagem, de experiência e de felicidade, pois é um local cheio de energia e muita tranquilidade para nós e aquele povo. Destaco a presença da irmã Cláudia, que faz um belo trabalho, e o respeito que eles têm para com ela, outro destaque é a importância da presença das equipes de saúde no local.
Nos dias em que passamos por lá fomos bem dinâmicos, intercalando a oração com a convivência fraterna, breves partilhas durante as refeições e a manutenção da casa dos frades. Fica em cada um de nós a experiência de partilha e a convivência com o povo Munduruku. Cada um leva consigo as suas histórias desta aventura, que foi realizada por terra, pela água e pelo ar. Comigo carrego aquilo de bom que o povo tem a nos oferecer, ficando o gesto de gratidão em ter visitado esta missão assumida pela Custódia São Benedito.
Por: Frei Jailson Patrick Assunção dos Santos, OFM.