Via Sacra Amazônica

Foto: Frei Lorrane Clementino

 

A Via Crucis ocupa um lugar importante na tradição franciscana e eclesial. Seguimos os passos do Crucificado-Ressuscitado nos caminhos da nossa história e dentro dos nossos contextos. E é assim queremos voltar nossos olhos e corações para Cristo e para a Amazônia. 

Vocês todos que sobem o rio e contemplam a floresta destruída, considerem, vejam, prestem atenção a essa dor. Da terra sem males a terra dos males sem fim, a Amazônia é entregue as mãos e aos interesses exploratórios, as vozes do cuidado são abafadas pela loucura da ganância, e que resta é o grito de dor. 

 

Foto: Equipe Custodial de Comunicação

É uma via dolorosa, uma viagem longa, com tantas lutas e tanto sangue e seiva derramados. Ao lodo do povo Jesus caminha, solidário e carregando a cruz. As muitas Marias das beiras de rio e das estradas da terra firme são aquelas que sentem e choram as dores do dia-a-dia, são as mulheres exploradas nesta parte do brasil. Nossos mártires são sinais de vida doada até as últimas consequências e sinal de que a profecia incomoda.  

A Paixão de Cristo continua ainda hoje no corpo da Amazônia e dos seus povos. As dores de Cristo são hoje o sofrimento dos amazônidas e da natureza ferida. O desenraizamento ambiental, territorial e cultural despoja as vestes sagradas, desfigura o rosto dessa bela região do país. Precisamos fazer a páscoa, remar e atravessar esses tempos de opressão da terra e do povo, para chegar à margem nova dos ressuscitados em Cristo. As marcas ainda abertas no corpo da floresta e das cidades nos relembram que essas chagas podem ser transformadas em clamores e sinais de vida. Querida Amazônia, teu pranto vai ser enxugado, toda dor e todo luto vão se transformar em festejo.  

Frei Fábio Vasconcelos, OFM

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