
Foto: Arquivo Custodial
Quando o amor do Senhor arde em nosso peito, a sensação que a brisa do amor é imaterial e sem igual, que vai direcionando ao melhor caminho. Esse caminho ainda encoberto pelas incertezas da missão. Quando em Lc 24, 32-33, “os corações ardentes, pés a caminho” eis a missão dada e assumida pelos discípulos quando amizade e a confiança entre ambos foram concretizadas na certeza da ressurreição de Jesus, pois é necessário percorrer o caminho que os discípulos de Emaús fizeram com Jesus para recuperar o lugar e o sentido da vocação, da conversão e da graça que recebemos para sanar as fendas encontradas no caminho.
No caminho de Emaús, Jesus é o mestre que nos direciona e nos provoca ao preenchimento do vazio e da busca constante que pairava no coração dos que estavam a caminho, buscam novos lugares de fuga e fechamento ao chamado que nos é proposto pelo anúncio do Reino proposto por Jesus.
O ano vocacional vem despertar o que assumimos ao dizer sim, ao projeto de vida que aceitamos e decidimos ao consagrar na vida religiosa que hoje, diante de desafios, ficamos sem direção, pois são muitos os caminhos que nos distraem e afetam o nosso comprometimento, como o uso em excesso das telas, comodismo e a incerteza do chamado.
Vocação, graça e missão, corações ardentes, pés a caminho. Falar sobre vocação é deixar a graça de Deus operar e ser habitada em nós, e assim, termos a plenitude de estar preenchidos do extraordinário de Deus e estaremos com o coração ardente, como os dois discípulos no caminho de Emaús, que no momento em que reconheceram a Jesus, colocaram os pés com muita alegria no caminho sendo renovados na missão.
O coração do chamado pela missão deve arder e, assim, viveremos este ano vocacional, lembrando sempre da nossa primeira vocação, a qual é o batismo, em que fomos chamados à Santidade.
Conforme o sentimento dos discípulos no caminho de Emaús, o nosso coração precisa arder quando ouvimos a voz de Cristo, à luz do evangelho, lembrando-nos do nosso primeiro amor. Da mesma forma que Jesus se revelou aos mesmos, pedimos a Ele que se revele a nós e que abra os nossos olhos espirituais, para continuarmos firmes no caminho, de modo a alcançar a santidade com compromisso, zelo e dedicação em servi-lo. Assim, ressaltamos que Jesus revela-se na comunidade, nos catequistas, na igreja, no povo sofredor, no marginalizado, reaquecendo nosso coração e pés no chão, buscando o caminho para o céu.
O acontecimento em Emaús nos ajuda a compreender melhor a nossa vocação e missão, nos recorda que a origem, o centro e a meta de toda a vocação e missão está na pessoa de Jesus Cristo. Refletimos que essa maravilhosa graça faz o coração arder, e a missão faz os nossos pés serem fortes e persistentes no caminho, devendo estar sempre em movimento. Sabemos que entre um coração que arde ao escutar as palavras de Jesus ressuscitado e os pés que se colocam a caminho para anunciar o encontro com o mesmo, somos levados a uma parada para sentar-se à mesa da comunhão, da partilha do pão, como ações indispensáveis das práticas de nossa vocação, como nos lembra os discípulos de Emaús.

Foto: Arquivo Custodial
Assim, para seguir o chamado de Cristo, precisamos da experiência de testemunhar o amor à Igreja, de servir mutuamente, permanecer seguindo a Jesus, em meio aos desafios dos espinhos e pedras que encontramos na caminhada de fé e melhorar na escuta obediente à inspiração do Espírito Santo. Com isso, vivenciamos o amor de Deus por nós. Este amor, faz nossos corações se abrirem para a caminhada em Emaús que precisamos reviver.
Dessa forma, é notório que muitas vocações estão desanimadas diante de tantas realidades e distrações que contribuem para isso. O ano vocacional é um momento da graça de Deus, para um renovo com o nosso chamado e para voltarmos a nos dedicar e à escuta da palavra de Deus, e, assim, deixar com que nossos corações voltem a arder pelo Senhor, para termos ânimo e contentamento, diante dos desafios da nossa missão e que os nossos pés continuem caminhando juntos em unidade e perseverança com toda a Igreja peregrina.
Irmã Maria Ivone de Freitas Barbosa, fcjm
Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada/3º ano Vocacional do Brasil- Vocação: Graça e Missão – Texto -base. Brasília: Edições CNBB,2022.