Uma Amizade Franciscana e Carmelita na História da Amazônia

Dom Wilmar com os frades da Custódia na inauguração da Fraternidade Cristo Libertador

Uma amizade entre franciscanos e carmelitas está sendo semeada ao longo dos anos no chão da Amazônia. Dom Wilmar Santin, bispo da Prelazia de Itaituba (PA), passou por cirurgias nos olhos no final de março e início de abril. Durante esse período de operações e recuperação pós-cirúrgica, ele foi hospedado no Convento São Francisco, sede da Custódia Franciscana São Benedito da Amazônia. Enquanto esteve lá, tivemos a oportunidade de conversar com ele sobre sua amizade com os frades da Custódia.

Dom Wilmar é natural de Nova Londrina, Paraná, mas antes de ser nomeado bispo, já havia trabalhado no norte do Brasil, especificamente em Manaus (AM). Quando o Papa Bento XVI o nomeou para liderar a Prelazia de Itaituba, ele inicialmente questionou a decisão, pois não estava familiarizado com a região.

“Eu estava trabalhando em Manaus e não conhecia e nunca tinha ouvido falar em Itaituba. Quando fui comunicado sobre a nomeação, eu levei um susto e perguntei: onde que fica Itaituba? E me disseram: no Pará, no Rio Tapajós. Fiz outro questionamento: Qual é o motivo que estão me mandando para um lugar que nunca ouvi falar? E me disseram: Você já não foi como missionário para Manaus, pois agora vá como missionário para o Pará, para Prelazia de Itaituba”, lembrou o bispo.

A relação de Dom Wilmar com os frades da Custódia começou antes mesmo de sua ordenação episcopal.

“Logo depois da minha nomeação, recebi uma carta convite do Frei Paixão, para participar dos festejos do centenário da Missão São Francisco, no Rio Cururu, que pertence à Prelazia de Itaituba. Na semana seguinte à Páscoa, viajamos junto aos frades para o Rio Cururu para os festejos do centenário. Posso dizer que foi uma aventura, fomos de ônibus de Itaituba a Jacareacanga, o ônibus quebrou. De Jacareacanga até o Rio Cururu foi o dia inteiro, pois chegamos de noite. E eu costumo dizer, que aquela ida ao Rio Cururu, na Missão São Francisco, para participar dos festejos do centenário, foi o meu batismo na Prelazia e a minha ligação com os franciscanos começou de cara”, afirmou Dom Wilmar.

O predecessor do bispo foi Dom Capistrano Francisco Heim, um frade franciscano. Dom Wilmar acompanhava Dom Capistrano nas refeições na Fraternidade dos frades franciscanos da Custódia São Benedito da Amazônia, e esse costume continuou até os dias de hoje.

“Os franciscanos fazem parte da minha história. Meu antecessor, Dom Capistrano, era frade franciscano. Ele tomava café, almoçava e jantava com os frades do Convento e eu ia junto. E continuei a tradição. Estou sempre almoçando e até tomando café com os frades da Fraternidade de Sant’Ana. Nossa relação é boa, são bons colaboradores, nos entendemos e queremos sempre manter assim”, ressaltou o bispo da Prelazia de Itaituba.

Sempre que passa ou vem a Santarém, Dom Wilmar se hospeda no Convento São Francisco, pela acolhida que sempre recebe.

“Eu tinha duas opções de hospedagens. Escolhi o convento, pelo convite feito pelo Frei Edilson e por sempre me acolherem da melhor forma possível. Mesmo dessa vez que precisei ficar um pouco mais de tempo, mas o tratamento foi igual de quando eu faço apenas passagens rápidas. São frades acolhedores, gosto de como vivem em fraternidade e sempre me sinto em casa. Nossa boa relação faz com que nos acolhemos e nos ajudemos uns aos outros, o que é importante para um bom desenvolvimento de relação e serviços”, relatou.

Dom Wilmar também compartilhou um pouco sobre sua jornada para se tornar um frade carmelita.

“Eu digo que é um negócio fantástico. Eu fui batizado por um Padre Carmelita, e desde então, algo em mim se conectou com essa Ordem. Embora tenha enfrentado desafios em minha juventude, o destino me levou ao Seminário dos Carmelitas de Paranavaí. Algumas pessoas duvidavam se eu seguiria adiante, mas aqui estou!”, concluiu o bispo.

Dom Wilmar na Missão São Francisco

Sua visão sobre a responsabilidade de um bispo é clara e inspiradora:

“Minha principal responsabilidade é ser um bom pastor. Levar a palavra de Deus, levar a mensagem da alegria do evangelho, unir o povo, dar de comer o pão da palavra, o pão da eucaristia. Outra coisa que trago do meu pai é essa identidade bem católica. Gosto de defender a igreja, o Papa em qualquer situação. Outra responsabilidade é pregar a palavra de Deus contra esse fanatismo atual, essa polarização política, onde as pessoas estão se deixando levar, não pela fé, mas pela ideologia do partido que eles acreditam. E nosso maior desafio é levar uma mensagem de paz e iluminar tudo com a palavra de Deus, para que possamos nos transformar para vivermos mais a paz, mais a alegria e sejamos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo”, concluiu Dom Wilmar Santin.

 

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